Olá!
Inaugurando essa colaboração com o Empreender Saúde na área de inovações tecnológicas voltadas à saúde e ao bem-estar dos idosos, segue um pequeno levantamento sobre alguns cases de empresas que vêm explorando esse mercado nos EUA em diferentes frentes.
A Care at hand é uma empresa que oferece uma plataforma de registros médicos adaptada a dispositivos móveis e também um software de automação de fluxos de trabalho, dirigido a prestadores de serviços de home care. Entre os principais trunfos gerados pelas tecnologias da Care at Hand está a qualificação dos cuidados dispensados pelo cuidador não-médico. As observações cotidianas deste cuidador (por exemplo, um familiar) sobre o paciente são transformadas em dados clínicos por meio de algoritmos. Assim, o olhar técnico da equipe médica se mantém ativo mesmo à distância. Um maior empoderamento do cuidador não-médico é gerado por meio do uso de uma linguagem não-clínica na interface com o software, e de frames intuitivos para pessoas com pouca experiência em uso de tecnologias (por exemplo, idosos). Como consta no site dos investidores da empresa, a “Care at Hand faz com que a ação de cuidadores não-médicos que trabalham a US$10/hora possa prevenir internações hospitalares de US$10.000”.
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Vencedora da competição Health Innovation 50+ Live Pitch em 2012, promovida pela poderosa AARP (Associação Americana de Aposentados) para startups de tecnologias de saúde para idosos, a Carelinx oferece uma solução inovadora para a questão da escolha do cuidador. Ligando o familiar diretamente a uma rede de cuidadores (médicos, como enfermeiros, ou não médicos, como acompanhantes) por meio de seu website, a empresa permite que o contratante identifique um profissional que esteja de acordo com suas necessidades e orçamento, dispensando a mediação de agências de cuidadores. Há uma estimativa de economia de até US$10.000/ano em taxas pagas às agências. Através do site, é realizado todo o procedimento de busca, pesquisa de perfil, contratação e pagamento de cuidadores qualificados.
Como muitas empresas que atuam no ramo da oferta de cuidados a idosos, a eCare Diary surgiu de uma experiência pessoal com um familiar adoecido. Conciliando uma experiência profissional de mais de 20 anos na área de saúde com um pai vítima de Parkinson, John Mills percebia que os cuidados de longa duração eram dificultados pela ausência de informação de qualidade. Assim, o eCare Diary oferece informação e recursos para ajudar aqueles que precisam ofertar cuidados de longa duração. Uma característica particular do website é o conjunto de ferramentas disponíveis para facilitar a coordenação da oferta de cuidado e o compartilhamento de informações entre familiares e outros cuidadores. O eCare Diary também dispõe de um banco de dados sobre serviços de enfermagem e de home care, guias sobre finanças em tempos de oferta de cuidados de longa duração e informações sobre documentos de saúde que todos deveriam ter.
O Gilbert Guide compila informações e oferece orientação sobre serviços para idosos, sobretudo relacionados à importante questão da moradia. Há dados disponíveis sobre quatro tipos de serviços. O primeiro tipo é o de serviços de moradia assistida, que são residências para idosos que necessitam de algum tipo de auxílio no cotidiano, podendo variar entre alguém que tem uma limitação física leve (e só precisa de ajuda para tomar banho, por exemplo) até uma pessoa com um quadro demencial, que requer atenção mais constante. Em seguida, temos os serviços de moradia independente, que são residências restritas a pessoas acima de uma determinada idade (variando entre 55 e 62 anos), em geral em boas condições de saúde, onde o principal diferencial é a oferta de atividades sociais e de lazer. Já as comunidades de cuidado contínuo (Continuing Care Retirement Communities) reúnem em um só lugar os perfis das duas primeiras, recebendo desde idosos completamente independentes até aqueles que exigem cuidados intermitentes. Sua vantagem é que, à medida que um idoso independente passa a requerer um maior grau de cuidados, ele simplesmente continua por lá, sem ter o ônus de uma mudança de casa e ambiente. O peso desse tipo de mudança para o idoso num cenário de maior fragilidade é conhecido entre profissionais de Gerontologia, tanto que justifica a existência do quarto tipo de serviço sobre o qual o Gilbert Guide informa: o ofertado pelos Senior Move Managers (algo como Gestores de Mudanças para idosos).Trata-se de um profissional especializado em apoiar os idosos e suas famílias nos aspectos práticos e emocionais gerados por uma mudança de residência.
Tratamos de início apenas de empresas gringas pela seguinte razão: em matéria do tema que discutimos aqui estamos diante de um duplo nó. Se o mercado de health technology brasileiro ainda engatinha, isso ainda é mais acentuado no caso de ofertas para os idosos, que sentem o déficit de serviços mesmo em relação a serviços médicos tradicionais (como se vê, por exemplo, na conhecida falta de geriatras e gerontólogos no mercado). Isso tudo a despeito da acelerada transição demográfica no Brasil... mas deixemos isso para depois!
Abraço,
Antônio Leitão
