A Rede D'Or São Luiz, que tem como sócio o banco BTG, concluiu ontem a aquisição dos dois hospitais do Grupo Nossa Senhora de Lourdes, localizados em São Paulo, conforme antecipou o Valor.

O grupo consolidador ficou com 90% do Nossa Senhora de Lourdes e 70% do Hospital da Criança. O restante das participações está nas mãos de minoritários. Os outros negócios do grupo, como plano de saúde e home care, não entraram na transação.

O valor da negociação não foi revelado, mas a operação envolveu assunção de dívidas que somam cerca de R$ 200 milhões e pagamento de uma pequena parcela para os fundadores, a família Sinisgalli. Fundado pelo médico Cícero Sinisgalli há 50 anos, o Grupo Nossa Senhora de Lourdes encerrou o ano passado com faturamento de R$ 180 milhões, sendo que R$ 150 milhões são do hospital Nossa Senhora de Lourdes.

Com a aquisição, a Rede D'Or São Luiz prevê encerrar este ano com receita bruta de R$ 3,3 bilhões. Em 2011, foram realizados 2,9 milhões de atendimentos e 732 mil internações que geraram faturamento de R$ 2,5 bilhões.

A ideia inicial da Rede D'Or São Luiz é que os dois hospitais comprados mantenham os atuais focos de atuação. "Em princípio vamos manter o mesmo foco de atuação. A proposta é fortalecer as operações e trazê-los para os patamares operacionais que julgamos mais adequados. São operações complexas em uma região importante da cidade [Jabaquara]", disse Rodrigo Gavina, diretor-superintendente da Rede D'Or São Luiz.

O Nossa Senhora de Lourdes enfrentava problemas financeiros pelo menos desde 2010 e tornaram-se públicos em dezembro. Nessa época, a Brazilian Mortgages, gestora dos fundos imobiliários donos dos imóveis em que estão instalados os hospitais, comunicou que o grupo hospitalar não estava pagando os aluguéis. Daí em diante, houve uma sucessão de discussões. A gestora entrou com ações de despejo e o Nossa Senhora de Lourdes reivindicou judicialmente e conseguiu, temporariamente, reduzir o valor da locação. Gavina informou que foi aberto um canal de negociação com os fundos e que o objetivo é chegar em um acordo sobre esse pleito.

Ontem, a Brazilian Mortgages, do BTG, informou que o Hospital da Criança havia atrasado o pagamento do aluguel de março. Questionado quando seria pago o débito, o executivo informou que não tinha uma data definida para esse pagamento. "Vamos entender as questões jurídicas e financeiras necessárias para cumprir as obrigações devidas".

Fonte: Valor Econômico, 13 /04/2012