Excelente artigo foi publicado no portal da ASAP (http://bit.ly/1jO4h86) com comentários e reflexões do Professor Denizar Vianna (UERJ) sobre a questão da prevenção e custos em saúde.
Ressalta Denizar que a “prevenção é a estratégia sobre a qual recaem todas as expectativas quando a meta é a redução de custos em saúde. No caso da população idosa, ela é a cartada final... É um mito pensar que só a prevenção reduz custo de saúde, aliás, essa redução está cada vez mais difícil porque a saúde é uma área que demanda cada vez mais investimento. Prevenção com foco único em redução de custo é um equívoco.”
Neste contexto, certamente se o foco é a redução dos custos em saúde as ações deverão ser direcionadas para os pacientes e a condições mais onerosas, através de programas de gestão de doenças crônicas e de caso, além de medidas de gestão da carteira.
O equívoco, talvez mais que um “mito” de realizar ações de prevenção, principalmente nos estratos de maior idade ou buscando reduzir custos levou, nos últimos anos, a críticas e alguma descrença sobre os programas de promoção da saúde e prevenção. Este mesmo equívoco leva algumas pessoas a buscar ou “vender” o retorno sobre o investimento sobre ações de promoção e prevenção focadas em estilo de vida.
Mas, como tem enfatizado o Professor Ron Goetzel (John Hopkins University) nos últimos anos, “não podemos jogar o bebê com a água do banho”. Neste caso, segundo Goetzel o bebê seriam os programas bem-desenhados, baseados em evidências, amplos, com correta estratificação da população, sem artifícios e corretamente executados. E a “água do banho” seriam os programas que proclamam ROIs fantasmagóricos e programas geralmente não baseados nos melhores princípios e práticas.
Quando se envolvem as empresas (empregadores), os resultados devem envolver, além dos custos assistenciais, o absenteísmo, a produtividade e os custos tributários trabalhistas.
Com sabedoria, o Professor Denizar afirma que a prevenção e promoção de saúde têm de ser instituídas de forma ampla e abrangente em termos populacionais e esperar a população envelhecer para então pensar em prevenção é um dos grandes erros dos players de saúde. O gestor e o operador do plano de saúde têm de conhecer a sua população para formular políticas. Há operadores de planos de saúde que cuidam de quase seis milhões de beneficiários e para serem eficientes tem de haver medidas. Além da visão de curto prazo, outra variável que impede uma gestão eficaz da saúde populacional é a falta de informação do real perfil de risco dos indivíduos. O cenário ideal é mapear os sedentários, fumantes, obesos, crônicos, e investir em sistemas de informação.
Os dados recentes do VIGITEL e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostram que os indicadores populacionais de atividade física, alimentação saudável, uso abusivo do álcool e excesso de peso não tem melhorado de maneira consistente. Certamente que uma mudança comportamental que envolva toda a população exige políticas públicas consistentes e perenes e que extrapolam o setor saúde.
Neste sentido, considerando-se que não se observam movimentos consistentes do governo e da sociedade nesta mudança, acredito que os gestores dos programas devam focar nos fatores de risco, tentando mitiga-los. As pesquisas citadas mostraram que as pessoas frequentemente não “conhecem os seus números”, em termos de pressão arterial, colesterol e glicose e fazem controle inadequado e irregular. Assim, é importante que os programas coloquem as pessoas com hipertensão arterial, colesterol e glicemia elevados em seu “radar” acompanhando-as adequadamente, introduzindo terapêutica medicamentosa quando necessária e utilizando estes indicadores como métrica que podem trazer resultados a médio e longo prazo mais consistentes do que o “ROI” em um ano de programa.