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Quais as opiniões dos principais líderes de saúde do país? | Lide Saúde

Estivemos no sábado dia 24 de maio no LIDE SAÚDE – 3º Forum de Saúde e Bem-Estar, evento de líderes de saúde organizado pelo João Dória, presidente do LIDE, e pelo Dr. Cláudio Lottenberg, presidente do LIDE SAÚDE e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), com aproximadamente 200 pessoas das consideradas mais influentes de saúde do país. Saiba como foi.

Estivemos no sábado dia 24 de maio no LIDE SAÚDE – 3º Forum de Saúde e Bem-Estar, evento de líderes de saúde organizado pelo João Dória, presidente do LIDE, e pelo Dr. Cláudio Lottenberg, presidente do LIDE SAÚDE e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), com aproximadamente 200 pessoas das consideradas mais influentes de saúde do país.

Na abertura estiveram presentes o governador de São Paulo Geraldo Alckmin; Edson Bueno – fundador da Amil e membro do Conselho de Administração da UnitedHealth; o secretário da saúde do Estado de São Paulo David Uip, o prefeito de Campinas Jonas Donizette;  e Carmino de Souza, Secretário da Saúde de Campinas.

David Uip iniciou sua palestra falando sobre a diferença entre a saúde de hoje e do início do século XX. Disse que na época a saúde era simples, de baixo custo, e de alto risco, e a residência médica quase não existia. Disse ao mesmo tempo, no último ano 200 vagas de residência médica não foram preenchidas, dizendo que os médicos estão procurando dinheiro mais rápido, deixando de lado a formação, o que considera errado.

Uip falou também da mudança do perfil demográfico e saúde suplementar, com 44% da população do Estado de São Paulo hoje com algum plano de saúde. Falou ainda do desafio das “Multimorbidades” do idoso e a diminuição do número de nascidos vivos. Falou sobre a diminuição do índice de pacientes com algum distúrbio de saúde mental devido à extinção dos hospícios, porém na ponta o número de pacientes aumentou pois não foi criado um sistema compensatório de psicologia e psiquiatria.

David Uip falou também da “transição tecnológica”, dizendo que a atual tabela de procedimentos tem 4.470 procedimentos, sendo 1500 de alta complexidade, sendo que apenas 40% são cobertas pelo SUS.

Falou ainda do déficit da Santa Casa: ”Uma Santa Casa com menos de 50 leitos tem menos de 30% de ocupação porque ela evita internar, pois quanto mais internar, maior o déficit”.

O secretário falou sobre telemedicina, mostrando os programas do governo que estão sendo criados para o setor público:

  • TeleSaúde (segunda opinião / capacitação profissional)
  • Tele-eletrocardiografia (SES/SP & I. Dante Pazzanese Cardiologia)
  • Tele imagem (SES/SP – SEDI – OSS)
  • Tele Oftalmologia
  • Tele UTI
  • Sistemas Híbridos (SPECT, SPECT-CT, PET-CT)
  • Diagnóstico Molecular
  • Cirurgia Robótica (ICESP)
  • Nanotecnologia
  • Colonoscopia Virtual

“A grande saída para a saúde do país é a deshospitalização. Não é para o município construir mais hospitais.”

David Uip falou também dos custos da medicina personalizada, com o objetivo de melhorar o processo da decisão médica, promover terapias personalizadas.

“Não tenho dúvida que gestão e redução de custos são o futuro da medicina mundial”.

Uip se aproximou do final da sua palestra falando que a maior responsabilidade do cuidado da saúde é do próprio paciente, com a frase“A genética carrega a arma e o estilo de vida aperta o gatilho” do geneticista Francis Collins.

“Para isso é necessário ter uma política estruturada de recursos humanos preparada para essa realidade, como a Amil fez sob a liderança do Edson [Bueno], e como nós estamos começando a fazer dentro das organizações públicas”.

Propostas:

  • Financiamento sustentável, não variável (“não dá para o financiamento da saúde ser uma porcentagem do PIB”);
  • Integração Público / Privado;
  • Redes Assistenciais;
  • Santas Casas Sustentáveis;
  • Rede Hebe Camargo;
  • Rede DST / AIDS / Hepatites/ Política de Recursos Humanos;
  • Melhorar a Integração dos Sistemas de Informação;
  • Investir em Tecnologia e Inovação Científica

Estiveram no debate também Oscar Pavão e Rogério Menezes, participando da discussão. No debate, David Uip comentou que visitando os hospitais públicos nos seus primeiros 8 meses de mandato, percebeu que 50% dos pacientes em  UTI não precisavam de UTI, e 81% dos pacientes no Pronto Socorro deveriam estar nas unidades básicas de saúde, o que mostra uma distorção da correta utilização dos serviços de saúde.

Rogério Menezes questionou o secretário sobre a integração de diferentes devices no sistema de saúde, que respondeu que o foco hoje está mais em novas tecnologias que reduzem custo, do que ainda na integração dessas tecnologias.

De acordo com os presentes, esse ano a programação do evento foi bastante mais enxuta do que no ano anterior de acordo com os presentes, e a presença de diretores do Einstein ficou evidente na maioria dos painéis.

Alfredo Halpern abriu o painel seguinte, falando sobre ética na comunicação. Halpern é colunista da Revista Saúde, e consultor médico do Programa BEM ESTAR, da TV Globo, além de ser fundador e presidente da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), Professor Livre Docente da USP, e responsável pela disciplina de Obesidade da pós-graduação da FMUSP.

Alfredo iniciou dizendo que recomendações médicas feitas para o público tem que ser totalmente baseadas em estudos e/ou evidências. “Todo o dia o povo procura alguma coisa para emagrecer. A mídia não pode evitar de falar dessas coisas, mas tem que dizer a verdade. O problema é que as verdades são mutáveis, por exemplo, ovo era ruim, agora é bom, chocolate era ruim, agora é bom.”

O professor também questionou se a mídia brasileira em saúde está preparada para o seu trabalho. Disse que nos seus 40 anos de atividade, viu os jornalistas passarem de não saber nada até hoje, os bons veículos, estarem totalmente preparados para isso. “Jornalista bom hoje vai ver no PubMed para conferir a informação, e eles vão mesmo”, disse Alfredo Halpern.

Halpern falou que o jornalismo em saúde é o campo da ciência mais presente no noticiário hoje. Mas questionou se uma parte disso pelo menos não é pelo interesse da industria farmacêutica e alimentícia, o que chamou de “medicalização do jornalismo científico”, mas disse que não se pode ser xiïta nessa separação, porque eles tem que vender, e é isso que cresce a industria, e essa informação adicional beneficia muito a população. “Há de haver equilibrio”. “Nenhuma evento no Brasil acontece sem a indústria, por exemplo. Muitos hospitais só funcionam e podem atender seus pacientes, porque a indústria patrocina estudos lá. No mundo todo os melhores médicos tem relacionamento com a indústria”.

O maior conhecimento da população também obriga as indústrias a produzirem melhores produtos, pois consumidores informados ficam mais exigentes, o que é ótimo, e 1/3 dos veículos de saúde falam de mudanças de comportamento e não de doenças ou medicamentos, segundo Halpern.

“É necessário muita responsabilidade, ética e precisão no fornecimento de informação, sabendo as limitações do que não sabemos”. Alfredo Halpern acredita que é impossível fazer regulamentação disso pois seria o mesmo que censurar a imprensa. “A informação pela mídia é muito importante, mas tem que deixar claro os limites do conhecimento humano disponível. E há ainda as celebridades, que muitas vezes tem mais credibilidade que médico. Há de haver um limite para esses também”.

Esteve também na palestra Henrique Grunspun, Médico e Presidente da Comissão de Bioética do Hospital Israelita Albert Einstein, que disse que é difícil diferenciar propagandas de produtos médicos de produtos não-médicos o tempo todo e parodiou dizendo que para ambas o Ministério só tem duas respostas:”Esse medicamento não deverá ser utilizado em caso de suspeitas de dengue”, e “Se persistirem o sintomas, o médico deverá ser consultado”.

“Se a gente discutisse medicina na quantidade e profundidade que se discute futebol, seria ótimo”.  Falou do bom trabalho da Globo com comunicação com o Dráuzio Varella, e sugeriu que fossem feitos programas em mais especialidades para conteúdo didático para o público, e encerrou dizendo que a mídia pode ser uma grande aliada em promoção de saúde no Brasil.

A principal mensagem do painel foi que o “jornalismo médico” tem um papel essencial na “democracia da informação”, mas que esse é um campo com muito ainda para ser discutido e estudado.

Cláudio Lottenberg adicionou:”O médico não se dá conta da liderança que pode exercer, e se restringe à sua competencia técnica, com certa timidez exagerada da comunicação. Os ranking de médicos, proibidos no Brasil, na verdade ocorrem porque o paciente não sabe entrar no currículo do médico e julgar por si mesmo. A conversa entre o conhecimento leigo e o conhecimento científico é o melhor caminho para isso”.

Halpern, que faz parte do programa Bem Estar, da Globo, respondeu à crítica de porque o conteúdo de saúde na Televisão muitas vezes é apresentado de modo muito “róseo” para um assunto sério: “Se não for assim, se for pesado e sério o tempo todo, o programa não tem audiência, fecha, e ai o paciente fica sem a informação de saúde”

O painel seguinte com o tema “Como prever o futuro da Medicina”, contou com os expositores “Dirceu Barbano”, presidente da ANVISA, e com o Professor Marcos Bosi Ferraz, Professor da Escola Paulista de Medicina e do Centro Paulista de Economia de Saúde (CPES, também conhecido como Grupo Interdepartamental de Economia de Saúde – GRIDES).

Dirceu Barbano falou sobre as dificuldades de treinamento de equipes para visitar plantas estrangeiras para aprovações de novas tecnologías pela ANVISA, disse que a nova meta é reduzir o tempo médio de aprovação de 18 para 6 meses (!), e que estão sendo feitas parcerias com os órgãos de certificação japonês, canadense e americano para que uma única inspeção de planta seja válida para todos esses órgãos, cabendo à cada órgão apenas à conclusão sobre a avaliação (aprovar ou não). “Queremos ser um país em que as pessoas venham registrar seus equipamentos aqui também”.

Marcos Bosi Ferraz mostrou como a Medicina Baseada em Evidências (MBE) pode ajudar a prever o futuro da medicina, e que viéses tem que ser considerados nessa avaliação.

O último painel foi sobre convergência tecnológica, e trouxe como expositores o Professor Giovanni Guido Cerri, Diretor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP); Luiz Tizatto, CEO da UnitCare Saúde; Nelson Wolosker, Professor Associado da FMUSP e Vice-Presidente do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e Rodrigo Gobbo Garcia, Médico da equipe de Radiologia Intervencionista do Departamento de Imagem do HIAE.

O Professor Giovani Cerri falou sobre o esforço do Estado em defender o interesse do paciente e não da indústria no sistema de saúde.  Nelson Wolosker explicou que convergência tecnológica significa a reunião de equipamentos, comunicação e protocolos, e que essa é a única maneira da convergência dar certo.

Tizatto falou sobre o trabalho da UnitCare e defendeu a teleorientação:”Os pais de todos nós ligava para o pediatra quando tinha dúvidas sobre febre ou qualquer outra coisa, inclusive medicação”. Rodrigo Gobbo, do Hospital Albert Einstein, falou sobre o Homo Evolutis, o que seria uma evolução do homem atual, e que está naturalmente integrado à tecnologia e que vive e funciona em simbiose com ela.

Foi feita também uma apresentação pelo Dr. Sérgio Ricardo de Almeida, novo Diretor Executivo da One Health, sobre o novo papel das operadoras na cadeia de valor da saúde. “A estratégia do convênio tem que ser a eficiência, focando no que o paciente quer utilizar. O melhor resultado esperado no passado era ampliar participação de mercado pois isso reduz custo. Hoje o foco tem que ser buscar resultado para o paciente, não volume”. Sérgio Ricardo mostrou ainda o portal Futuro da Medicina, mantido pela One Health.

Ao final do evento, foi entregue o Prêmio Grandes Nomes da Medicina, premiando alguns do médicos mais importantes do país.

Receberam o prêmio: Alberto Kaemmerer; Anis Rassi, cardiologista, especialista em Chagas; Antonio Luiz Frasson, mastologista; Claudio Schwartzman, pediatra e vice-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein; Edmilson Takata, ortopedista e traumatologista; Elsimar Coutinho, ginecologista; Fernando Maluf, oncologista; Francisco Balestrin, vice-presidente do Grupo Vita e presidente do Conselho da ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados); Henrique Moraes Salvador, ginecologista e mastologista; José Osmar Pestana Medina, especialista em transplante de rim, do Hospital do Rim da UNIFESP; Luís Carlos Silveira, fundador e presidente do Kurotel; Luiz Paulo Kowalski, cirurgião; Ruy G. Berilacquia, diretor-médico corporativo do São Luiz; Ruy Vaz Gomide do Amaral, anestesista; Tadeu Cvintal, oftalmologista e Walton Nosé, oftalmologista.

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