dos índices oficiais.
Sem dúvida alguma, é fundamental que médicos sejam adequadamente remunerados e que novos procedimentos passem a ser obrigatórios para os planos de saúde, porém será que estamos caminhando para a verdadeira construção de um Sistema de Saúde Suplementar ou apenas para um Fee for Service (Pagamento por Serviço) mais caro ?
As grandes operadoras como a AMIL, já passaram a realizar a gestão de sua carteira de pacientes crônicos, o que serve tanto para aumentar a fidelidade do cliente à empresa, quanto para estabilizar os custos de assistência de uma população que sabidamente é a grande responsável pelos custos em saúde. Neste sentido, creio que as seguradoras de saúde deveriam sentar com a APM e discutir o seguinte; ok aumentaremos a consulta de R$40 para R$X, porém o médico poderá receber mais R$Y por consulta, de acordo com os resultados que conseguir com aquele paciente. Como assim? Imagine que o médico é um cardiologista, se este conseguir estabilizar a pressão do paciente dentro da normalidade passa a receber um "prêmio" por consulta pelo controle efetivo que está realizando de sua população. Ou um endocrionologista que consiga controlar adequadamente a glicemia da população de diabéticos que gerencia. Apesar de um ou outro paciente não aderir e possuir condições clínicas que dificultem o tratamente, a população média daquele médico deve refletir um resultado fruto de suas habilidades clínicas e de sua capacitação como gestor de saúde de seus pacientes. Neste caso, pode ser necessário que o aumento do valor da consulta pago seja utilizado para contratar uma enfermeira para ligar para os pacientes e acompanhar ativamente a saúde de sua população.
Para os profissionais céticos com esta abordagem, proponho um estudo em que médicos com pacientes com condiçõe clínicas semelhantes sejam acompanhados por dois grupos de médicos, um grupo que receba R$40 por consulta e outro grupo que receba R$80 por consulta. Certamente, o valor da consulta por si só será insuficiente para melhorar os resultados clínicos destes pacientes, a não ser que parte destes recursos adicionais sejam utilizados para melhor gerenciar a saúde desta população. Com o envelhecimento da população e a prevalência de ao menos uma condição crônica nos pacientes acima de 60 anos, os médicos deveriam ser capacitados e cobrados a serem gestores de saúde. Este é um grande desafio que deverá ser discutido pelas Escolas de Medicina. Qual será o papel do e-mail, torpedos, twitter no cuidado ao paciente 2.0?
Médicos vão suspender atendimento a 12 planos
Os médicos de São Paulo prometem interromper o atendimento a 12 planos de saúde a partir de 1º de setembro. Os convênios médicos afetados pela paralisação são: Ameplan, Assefaz, Cetesb, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), GreenLine, Intermédica, Mediservice, Notredame, Porto Seguro, Pró-Saúde, Vale e Volkswagen.
Esses planos de saúde não enviaram propostas efetivas de negociação para reajuste de remuneração dos médicos, segundo a Associação Paulista de Medicina (APM). As entidades que representam a categoria reivindicam pagamento de R$ 80 por consulta. Hoje, a remuneração média varia de R$ 25 a R$ 40. "Estamos recebendo propostas de R$ 60. Se a proposta contemplar uma remuneração progressiva, que chegue aos R$ 80, poderemos aceitar", disse Florisval Meinão, vice-presidente da APM.
Chamam atenção na lista dos convênios ameaçados de ter o atendimento interrompido os planos de autogestão - aqueles ligados a empresas e que costumam oferecer uma remuneração um pouco maior. "Muitas autogestões estavam negociando diretamente com os médicos e não com a APM. Agora, estamos orientando que elas se manifestem à associação", disse Rosana Lima, diretora de integração da Unidas, entidade que reúne os planos de autogestão. "Nos últimos dez anos, as operadoras negociaram diretamente com os médicos, mas elas têm mais poder de barganha e hoje temos essa defasagem na remuneração", disse Meinão, da APM.
A Cetesb informou que enviou ontem à APM uma contraproposta para reajustar o valor atualmente praticado, que é de R$ 42 por consulta médica.
Já a Pasa, associação que administra o convênio médico da Vale, e a Assefaz, plano dos servidores do Ministério da Fazenda, informaram que não receberam notificação da associação médica.
Porto Seguro, Intermédica e NotreDame estão em negociação, mas não encaminharam propostas firmes. A Volkswagen informou que não vai se pronunciar sobre a interrupção no atendimento ao seu plano de saúde. A GreenLine, que comprou a Pró-Saúde (Samcil), não retornou à solicitação da reportagem.
Fonte: Beth Koike, Valor Econômico, 11/08/2011
ANS inclui 69 itens médicos obrigatórios
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulga hoje a lista dos 69 novos procedimentos médicos que as operadoras de planos de saúde serão obrigadas a oferecer a seus clientes a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
Dos 69 itens que compõe o novo rol, mais da metade são referentes a videolaparoscopia e videoendoscopia, procedimentos médicos pouco invasivos. "Essa é a terceira vez que fazemos inclusões no rol. Na primeira vez, em 2008, foram 150 inclusões porque havia muita defasagem. Agora, a tendência é esse número ir diminuindo, incluir as maiores demandas dos usuários e analisar qual a melhor indicação para determinados procedimentos médicos", explicou Martha Oliveira, gerente de regulação assistencial da ANS.
A nova lista de procedimentos, que ficou em consulta pública entre 15 de abril e 21 de maio, recebeu 6.522 sugestões. Desse total, 69% foram indicações de consumidores. Os três procedimentos que tiveram a maior demanda por parte dos usuários de planos de saúde foram tratamento de pés de diabéticos (oxigenoterapia hiperbárica), exames para análise genética de câncer (análise molecular de DNA) e para diagnóstico de infarto (angiotomografia coronariana).
Segundo Martha, ainda não é possível mensurar o impacto que esses novos procedimentos terão nos custos dos planos de saúde. "Só conseguimos saber o custo do novo rol após um ano de adoção. Isso porque muitas vezes adota-se um procedimento mais caro, mas o beneficiário deixa de fazer outros tipos de procedimentos médicos e pode haver uma economia", disse a gerente da ANS. Ela informa que o rol de 2008, que teve 150 inclusões, gerou impacto de apenas 1,1% no custo dos planos de saúde, que foi repassado no reajuste autorizado pela agência reguladora. O impacto do rol adotado em 2010 será publicado no próximo mês.
Fonte: Beth Koike, Valor Econômico, 02/08/2011