A chegada de 2019 traz consigo muitos desejos, desafios e expectativas para qualquer setor da sociedade, sobretudo devido ao novo ciclo que se iniciará com o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL). Durante sua campanha, o capitão reformado do exército defendeu principalmente pautas voltadas à recuperação da economia, à segurança pública e ao combate à corrupção. Áreas como Saúde e Educação, até então, haviam recebido menos holofotes, algo que começou a mudar no período de transição entre governos.
“A prioridade logo de início foi a área econômica, mas a importância da saúde ficou clara logo na primeira crise do governo Bolsonaro, antes mesmo da posse: a saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos. Saúde é a grande preocupação dos brasileiros, e o novo governo certamente dará prioridade ao tema. O presidente eleito já disse que não há perspectivas de aumentos orçamentários, portanto, a melhoria da saúde, segundo ele, deverá resultar do gasto mais eficiente e do combate aos desvios”, pontua Andrew Greenlees, sócio-fundador da FLAG Public Affairs.
Paulo Passarini, CEO da Passarini Regulatory Affairs, explica que o dinheiro voltará a circular e o Brasil deve crescer com a atenção voltada à área econômica. “Gastar mais do que se recebe, sem nenhuma perspectiva de ter como pagar as dívidas, é 100% de chance de quebrar. Temos que ser responsáveis. O país precisa exportar, inovar e investir em tecnologia para ser competitivo. Além disso, o empresário tem que acreditar na sua empresa”, reitera Passarini. Da mesma maneira, Greenlees acrescenta que, no atual cenário, não adianta prometer mais recursos. “Se o novo governo realmente conseguir gastar com mais eficiência, será um avanço”, afirma.
O futuro do Ministério da Saúde e das políticas para o setor
Outro ponto de destaque é a indicação do deputado federal Luiz Henrique Mandetta, do partido Democratas (DEM), como comandante do Ministério da Saúde no próximo governo. A nomeação foi vista com bons olhos pelo setor, e o futuro ministro recebeu apoio de boa parte das instituições e associações de Saúde. “A corrupção é um grande problema do país atualmente, porém, a falta de gestão pública é tão grave quanto. Jogamos muito dinheiro fora por falta de competência dos gestores. Por isso, do novo ministro, esperemos honestidade e eficiência com o dinheiro público”, pontua Passarini.
Com relação às outras propostas do presidente eleito para a Saúde, estão, por exemplo:
- o credenciamento universal de médicos (que consiste em qualquer médico poder atender pelo Sistema Único de Saúde);
- a criação de um prontuário digital nacional e da carreira de médico de Estado (o que traria estabilidade aos profissionais que estiverem em regiões afastadas dos grandes centros);
- a inserção de profissionais de Educação Física no programa Saúde da Família, com foco em prevenção e qualidade de vida.
Para Rodrigo Moreira, diretor de Estratégia do portfólio de saúde da UBM Brazil, assim como para os outros aspectos do novo governo, a expectativa é grande frente aos desafios. “Quando falamos especificamente da saúde, esperamos que o setor receba a devida atenção. Assim, conseguiremos continuar sendo um direcionador de crescimento para o país, por meio da geração de mão de obra e do desenvolvimento tecnológico e de valor para a sociedade. Além disso, esperamos que a questão assistencial, relacionada ao acesso e à qualidade dos cuidados – tão ou até mais desafiadora que a econômica –, seja olhada e discutida com a sociedade civil e entidades representativas do setor”, reflete.