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O mercado de cannabis brasileiro

O mercado de cannabis, criminalizado nos anos 30 no Brasil, voltou à discussão nos últimos anos no país. Em dezembro de 2019, a Anvisa regulamentou produtos à base de maconha, significando que agora eles podem ser comercializados em farmácia sob prescrição médica e fiscalização do órgão.

Um grupo de empreendedores em 2015 se deparou com esse mercado promissor e resolveu investir. Naquele ano, a Anvisa liberou a importação de medicamentos à base de cannabis através de prescrição médica.

A The Green Hub nasceu com a ideia de ser um alicerce para esta indústria focando em dados, educação e pesquisa. Uma parceria com a New Frontier Data, empresa de Business Inteligence da indústria de cannabis global, resultou no relatório chamado Cannabis Medicinal no Brasil: uma visão geral.

A projeção do estudo em 2018 para o mercado brasileiro era que em 3 anos de regulamentação plena, com liberação de cultivo e de uma série de outros produtos, este mercado movimentaria um total de R$ 4,6 bilhões, podendo beneficiar até 3,7 milhões de pacientes. Não é ainda o que prevê a RDC atual.

O lançamento oficial da The Gren Hub foi em 2018 logo após este estudo, como estratégia de marketing. Naquele ano, Marcel Grecco, sócio-fundador e CEO da The Green Hub, afirma que não haviam startups interessadas no Brasil. Sendo assim, desenvolveram 2 startups próprias: a CEC (Centro de Excelência Canabinóide) - rede de clínicas especializadas na medicina canabinóide - e a Anela, software de gestão de tratamento com cannabis, que vieram a ser consolidadas em uma única por terem o mesmo público e objetivos.

Em 2019, criaram um modelo de consultoria corporativa para auxiliar as empresas internacionais que querem atuar no mercado brasileiro. Receberam também um aporte de investimento para potencializar as operações no mesmo ano.

Começaram 2020 abrindo uma chamada de aceleração para startups e divulgando seu primeiro projeto de eventos, o Cannabis Thinking. “O evento vai muito além do que falar de mercado. É realmente trazer o tema com diversos especialistas de diversos segmentos, pra falar de mercado, legislação, regulação, impacto social, pegar um escopo geral do que a cannabis medicinal pode trazer para a sociedade, para o país e colocar isso em pauta!”, afirma Marcel.

Até o momento, a maior parte das empresas que movimentam este mercado no Brasil são importadoras. Após dezembro​ de 2019, empresas estrangeiras querendo entrar no mercado para vender seus produtos começaram a surgir.

Vale ressaltar que a Anvisa criou uma série de exigências sanitárias para que os produtos possam ser comercializados no país e cobrará dados de segurança e eficácia nos próximos anos. Diferente dos EUA, por exemplo, que sofre com a falta de padronização e até mesmo qualidade de seus produtos, uma vez que foram vistos frente ao FDA como suplementos alimentares e não medicamentos. “O Brasil está fazendo algo totalmente inovador nesse sentido”, diz Marcel.

Apesar de ser uma planta conhecida há muitos séculos pela humanidade, o mercado de cannabis tem sido construído agora, em pleno século XXI, dentro desta economia digital e tecnológica. “Você já vê, por exemplo, empresas desenvolvendo um software pautado em blockchain pra fazer a rastreabilidade da semente até o produto final com uma segurança fantástica! A ideia é essa: toda uma cadeia nova sendo construída nesse momento em que vivemos, com o DNA de tecnologia e inovação. Que será consolidado e construído diferente de uma outra indústria que já vem com suas tecnologias antigas e vai se readequando”, finaliza Marcel.