A gigante Medtronic (com faturamento aproximado de US$ 16 bilhões de dólares no ano fiscal encerrado em abril de 2013) acaba de anunciar a compra da Covidien Health, que faturou US$ 10,2 bilhões de dólares em 2013, e tem 38.000 empregados, em mais de 70 países, com produtos vendidos para 150 países (a Medtronic tem 46.000 funcionários).
A compra foi anunciada como “fato relevante” por ambas as empresas no sábado, no valor de US$ 42,9 bilhões de dólares em cash e ações (um prêmio de 29% sobre o valor das ações da Covidien na última sexta). Os impactos dessa compra por enquanto ainda podem ser apenas imaginados, mas procuramos trazer um overview dessas duas empresas para que você possa pensar por si mesmo alguns desses impactos e conhecer duas das mais famosas empresas de saúde do mundo, que agora serão uma só.
A sede executiva da empresa resultante da aquisição será em Dublin, na Irlanda, onde poderá aproveitar os baixos impostos corporativos (impostos para a Medtronic na Irlanda serão de 12.5%, enquanto nos EUA poderiam ser de até 39.6%, sobre o faturamento). A operação continuará em Minneapolis, onde a Medtronic tem mais de 8.000 empregados.
Numa explicação simples, a Medtronic faz marca passos, bombas de insulina e próteses de coluna principalmente, enquanto a Covidien se especializou em equipamentos cirúrgicos.
Medtronic, uma empresa verdadeiramente inovadora
Abaixo você pode ver o gráfico de “Revenue Mix” da Medtronic, mostrando a predominância de equipamentos de cuidados cardiovasculares e endovasculares com mais de 50% do total do faturamento (em que os principais competidores são St. Jude Medical, Inc. (St. Jude), Boston Scientific Corporation (Boston Scientific), Biotronik, Inc., and Sorin Group), e cuja origem é principalmente dos EUA (55%), enquanto Europa, Canada e Asia representam 35% do faturamento, e a América Latina representa 2% do faturamento.
Pode ver abaixo também o crescimento do faturamento, investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D, R&D), e o retorno dos investidores. Como disse o report recente do fundo Kleiner Perkins: “Great companies grow revenue, make profits AND invest for the future. Companies that do just 2 of 3 are signing up for being “OK”, not great”.
Se você viu a minha palestra recente na Hospitalar 2014, deve ter visto que citei a 3M como exemplo de inovação por ter 25% do faturamento oriundo de produtos criados nos últimos 3 anos.
Agora me sinto mal por encontrar os dados da Medtronic, que tem 38% do seu faturamento de produtos criados nos últimos 3 anos (agora você pode entender porquê ela comprou a Covidien e não o contrário).
Um outro dado interessante é que, de acordo com a Medtronic, a cada 3 segundos uma pessoa no mundo tem a sua qualidade de vida melhorada por um produto da Medtronic. Talvez com a fusão essa marca passe pra 1 segundo ou tenha que ser contada em milésimos de segundo.
Abaixo você pode ver o faturamento da Medtronic dividido em 2 segmentos, um que eles chamam de Grupo Cardiovascular (Cardiac and Vascular Group) e outro que eles chamam de Grupo de Terapias Restauradoras (Restorative Therapies Group), que se divide em 4 grupos:
- Espinha (com concorrentes como DePuySynthes, da Johnson & Johnson Company, Stryker Corporation (Stryker), NuVasive, Inc., Globus Medical, Inc., Zimmer Holdings, Inc. (Zimmer), Alphatec Holdings, Inc., Orthofix International N.V., Biomet, Inc., e mais de 200 pequenos competidores e distribuidores pertencentes à médicos)
- Neuromodulação (com concorrentes como Boston Scientific and St. Jude)
- Diabetes (principais concorrentes: Johnson & Johnson, DexCom, Inc., Insulet Corporation, Roche Ltd, and Tandem Diabetes Care)
- Tecnologias Cirúrgicas (concorrentes: Surgical Technologies business include Gyrus ACMI (a group company of Olympus Corporation), Stryker, and Johnson & Johnson).
Covidien, uma das 5 maiores empresas de equipamentos médicos do mundo
Comprar uma das maiores empresas de equipamentos médicos do mundo é definitivamente mais fácil do que construir uma. Procurei então olhar o que a Covidien é hoje e como se tornaram o que são.
Com uma sinergia aparentemente muito forte (seria um monopólio em construção?), a Covidien, assim como a Medtronic, tem as áreas Vascular e Cirúrgica como seus principais produtos, além da área Respiratória.
A Covidien surgiu de uma empresa chamada Tyco, fundada em 1960, que em 1994 deu origem à Tyco Healthcare, adquirindo 4 marcas de equipamentos, entre elas a Kendall, até hoje uma das marcas mais fortes da Covidien.
Em 2005 a Tyco adquiriu a ValleyLab, outras de suas mais fortes marcas, e em 2007 a Tyco passa a se chamar Covidien.
Uma informação interessante sobre a Covidien é o fato de o atual CEO global ser brasileiro. José de Almeida, ou Joe Almeida, como também é conhecido, se formou em Engenharia Mecânica, na Universidade de Mauá, começou sua carreira na Andersen Consulting (atual Accenture), e trabalhou em diversas empresas de equipamentos médicos, mas a maior parte da sua carreira foi dentro da Covidien, se tornando Diretor de CEO em Julho de 2011, e Presidente do Board em Março de 2012. Atualmente ocupa as funções de CEO, Presidente e Chairman do Board.
Abaixo você pode ver a origem do faturamento da Covidien em 2013, e alguns indicadores financeiros da empresa no mesmo período.
Como pode ver, a representação geográfica de faturamento é muito semelhante à da Medtronic, com quase 80% do faturamento vindo de medical devices e o restante de medical supplies. No gráfico seguinte, pode ver que apesar de o faturamento ter crescido, as margens caíram e o lucro gerado pelas atividades operacionais caiu 14%, talvez a razão da Medtronic ter comprado a Covidien (ou da Covidien ser vendida).
O gráfico abaixo também mostra a valorização das ações da Covidien em relação as 500 maiores empresas da bolsa (Standard&Poors 500), e o índice de healthcare S&P Healthcare, talvez a motivação final para os investidores venderem as ações.
Apesar disso, ambas as empresas apresentam um histórico de inovação e gestão sem precedentes, mas “Money Talks”, e escala é essencial para o futuro dessas empresas, então uma fusão provavelmente melhorará muito o resultado operacional das duas, e podemos esperar boas novidades na indústria de medical devices nos próximos anos.
Fontes: Modern Healthcare, Covidien, Medtronic
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