Foto: Dra. Janete Vaz, uma das fundadoras do Laboratório Sabin
Era início dos anos 1980. O Laboratório Sabin ainda não passava de uma inspiração, um sonho compartilhado por duas amigas, então estudantes de bioquímica. Janete Vaz, nascida em Anápolis (GO), e Sandra Costa, natural de Inhapim (MG), começaram a rabiscar em Brasília o que seria o esboço de um negócio próprio.
Em 1984, as duas amigas abriram as portas da primeira unidade do laboratório Sabin, instalada no Plano Piloto do Distrito Federal. Na época, contavam apenas com a ajuda de uma faxineira que prestava serviços aos sábados. Começava ali o trabalho que, ano após ano, levaria à consolidação daquele que hoje é o maior laboratório de análises clínicas da região Centro-Oeste.
Ontem, o Laboratório Sabin foi anunciado como "A Melhor na Gestão de Pessoas de 2011", prêmio concedido pela revista "Valor Carreira". A empresa foi a grande campeã entre os 30 destaques escolhidos por meio de pesquisa feita pela Aon Hewitt em parceria com o Valor. Por trás desse reconhecimento, diz Janete Vaz, está uma companhia que, desde o início, colocou o bem-estar dos funcionários no topo de suas prioridades. "Um profissional contente e satisfeito com o trabalho vai sempre prestar o melhor serviço. Lidamos com pessoas que estão em situações tensas, difíceis. Não podemos abrir mão desse bom atendimento. É o que perseguimos todos os dias", diz Janete.
Os resultados práticos da gestão de recursos humanos do Sabin estão refletidos na capacidade de retenção de funcionários da companhia. A fuga de profissionais na empresa, que em 2005 atingia 28%, caiu para 9,9% no ano passado. Para este ano, a previsão é que essa taxa seja reduzida para 6,5%, um índice muito baixo, principalmente se for considerado que 51% dos funcionários do Sabin se encaixam na chamada geração Y - formada por pessoas de 20 a 30 anos de idade e que trocam de trabalho com mais facilidade.
Quando olhado em detalhe, o perfil de colaboradores do Sabin corrobora com a tese de que as mulheres têm mais habilidade na gestão de recursos humanos. De seus atuais mil colaboradores, 730 são mulheres. A participação feminina é ainda maior quando se trata dos cargos de liderança: 77% das posições de chefia são ocupadas por elas. "É uma situação curiosa, pois esse foi um caminho natural para a empresa. Não há preferência entre contratar homens ou mulheres", garante Janete Vaz.
Como fizeram na fundação do Sabin, 27 anos atrás, as sócias agora rabiscam o futuro da companhia. Com apoio da Fundação Dom Cabral, foi desenhado um plano de negócios para que o laboratório esteja presente em todos os Estados do país até 2020, um caminho que fatalmente passará por fusões e aquisições. "Nosso desafio será crescer sem perder as características que conquistamos. Faremos tudo com muita cautela, ouvindo as pessoas e as preservando."
Até hoje, a evolução do Sabin se alimentou de crescimento orgânico, com algumas pequenas aquisições feitas em áreas de análise. Em 2003, o laboratório era uma empresa de 290 funcionários e R$ 26 milhões de faturamento. Em 2006, o quadro saltou para 460 colaboradores e receita de R$ 57 milhões. No ano passado, ao atingir mil profissionais, o resultado foi de R$ 145 milhões. Até dezembro deste ano, serão cerca de 1,1 mil pessoas e faturamento de R$ 230 milhões.
O fato é que Brasília ficou pequena demais para a companhia. Hoje, o Sabin tem 69 unidades, das quais 62 estão no Distrito Federal. A incursão em outras terras começou por Goiás, onde já há seis unidades instaladas, além de uma unidade em Barreiras, na Bahia. O laboratório tem realizado cerca de 1,3 milhão de exames por mês, com atendimento de 130 mil pessoas. O volume é 33% superior ao registrado em 2010.
Sem demonstrar sinais de ansiedade por crescimento, Janete Vaz fala pausadamente sobre o futuro e revela que não pensa em abertura de capital, tampouco em grandes processos de aquisições ou fusões. "Comprar ou se unir a uma grande empresa que já está aculturada é um risco muito grande. Temos nosso modo de trabalhar, nosso jeito de fazer as coisas e zelamos muito por isso", diz.
Aos poucos, contudo, o Sabin começa a se mexer para deixar de ser referência apenas no Centro-Oeste. Até o fim deste ano, o laboratório chega a Manaus (AM) e Uberaba (MG). Para o ano que vem, os planos incluem a abertura de filiais em Palmas (TO) e Recife (PE). No que depender do apoio de seus funcionários, as sócias podem tocar o barco sem preocupações. Em resposta à pesquisa realizada pela revista "Valor Carreira" este ano, 96% dos profissionais disseram que confiam na capacidade de liderança da diretoria e da presidência. Outros 91% afirmaram que as políticas e práticas de RH da empresa contribuem para a criação de um ambiente de trabalho positivo e produtivo.
O Sabin aplica atualmente 19% de seus resultados em gestão de pessoas. Os benefícios voltados a qualidade de vida incluem desde ações como auxílio-casamento e dia da noiva, até sala de ginástica e patrocínio para competições de natação e ciclismo. No ano passado, mais de 300 colaboradores participaram de 11 corridas. O laboratório gastou R$ 90 mil em inscrições de funcionários.
Para incentivar o desenvolvimento pessoal e profissional, a empresa oferece bolsas de estudo de 25% a 80% para cursos de MBA, mestrado e doutorado, uma medida que também fortalece a ligação do empregado com a companhia. Quem chega aos dez anos de casa, é presenteado com um notebook. Com 15 anos, ganha uma viagem de sete dias para o Nordeste, com acompanhante. Com 20 anos, a gratificação é um carro zero quilômetro.
Paralelamente às práticas de RH, a empresa tem ampliado as ações de cunho social. Esses projetos estão centralizados no Instituto Sabin, que em 2010 recebeu investimentos de R$ 2 milhões. Entre as iniciativas está o projeto Criança e Saúde, que oferece exames laboratoriais gratuitos. Segundo Janete Vaz, o projeto já beneficiou 10 mil famílias em situação de vulnerabilidade social desde sua criação, em 1999.
Outra ação destacada por Janete é o Projeto Ludoteca, que oferece ambientes lúdicos para atendimento psicológico e social de crianças e adolescentes que foram vítimas de violência. Na área cultural, há o programa Mala do Livro, voltado para a arrecadação de livros. Depois de coletadas, as publicações ficam disponíveis no "Espaço Cultural" de estações do metrô, em Brasília. Ao todo, 60 mil livros já foram coletados pelo Laboratório Sabin. "Um dia desses recebi a ligação de um amigo dizendo que queria doar seus livros", conta Janete Vaz. "Fui a casa dele e voltei ao trabalho com o carro abarrotado."
Fonte: André Borges, Valor Econômico, 21/10/11
Excelente vídeo com Dra.Janete Vaz, uma das fundadoras do Laboratório Sabin:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=6E9dsdctq9g]
Vídeo com a colaboradora Marilza Guerra, do laboratório Sabin, sobre como é trabalhar nesta empresa:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=hgc6kQxZOlQ]
Atenciosamente,
Fernando Cembranelli
Equipe EmpreenderSaúde