Apesar do atual cenário de crise internacional, com a progressiva queda de juros na economia brasileira o investimento em ações ganhará cada vez mais espaço nas aplicações dos brasileiros. Para os profissionais de saúde, que se interessam pelo tema, mas não sabem por onde começar, uma boa orientação é acompanhar mensalmente a Carteira de Recomendações divulgada pelo Jornal Valor Econômico, em que grandes corretoras divulgam suas indicações para o mês corrente e o Jornal estabelece uma carteira teórica com base nas ações com maior número de indicações. Ao longo dos últimos anos, a carteira Valor tem apresentado retornos muito acima da média de mercado, sendo que durante um bom período de tempo quem dominou esta carteira foi a Geração Futuro Corretora de Valores, que neste período passou de uma corretora de nicho para uma das maiores assets de ações do Brasil. Vale a pena acompanhar!
Atenciosamente,
Fernando Cembranelli
Equipe EmpreenderSaúde
Pitada de risco é a marca da Carteira Valor de Novembro
Um pouco mais de risco, depois de longo período de forte conservadorismo. A esperança de que os mercados devam ficar menos pressionados pelo cenário externo - embora ainda bastante voláteis - faz com que as recomendações para a Carteira Valor de novembro estejam calcadas em papéis com maior potencial de alta, em detrimento das ações mais defensivas.
Vale lembrar que as recomendações foram feitas no calor da euforia após o acordo de socorro à Grécia. Mas, após a breve lua-de-mel dos investidores com o mercado, o mau humor voltou a dominar a cena. De qualquer forma, a percepção dos analistas ainda é de que deverá haver ao longo do mês uma maior disposição ao risco.
O empenho dos dirigentes europeus em chegar a um entendimento sobre um pacote de socorro para a Grécia foi suficiente para diminuir a aversão ao risco em outubro, trazendo ganhos ao mercado acionário. No mês passado, o portfólio composto pelas indicações de dez corretoras registrou alta de 9,88%, abaixo da valorização de 11,49% do Índice Bovespa. No acumulado do ano, entretanto, a Carteira Valor acumula perda de 9,51% até outubro, ante queda de 15,82% do Ibovespa.
Como o mercado acionário brasileiro é um dos que mais sofreram neste ano, a bolsa estaria atraente para os investidores. Não por acaso, as recomendações para a Carteira Valor se mostram bastante diversificadas. O portfólio traz ações do segmento financeiro, de empresas beneficiadas pelo crescimento doméstico, além de companhias ligadas a commodities. Isso tudo com uma pitada de cautela.
Lideram a lista de recomendações as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do Itaú Unibanco, seguidas pelas PNs da Cemig, de energia, e das ordinárias (ON, com direito a voto) da construtora Eztec - todas com três indicações. As outras sete ações que integram a Carteira Valor de novembro tiveram duas citações: Petrobras PN, OGX ON, Vale PNA, Telefônica PN, Brasil Foods ON, Totvs ON e Droga Raia ON.
O setor financeiro ficou bastante para trás nos últimos meses por conta das incertezas com o tamanho do perdão que seria dado para a dívida grega. O temor era de um contágio que minasse todo o sistema financeiro. "E essa preocupação ficou parcialmente resolvida", ressalta Leonardo Milane, estrategista de pessoa física da Santander Corretora. "Não que humor vá mudar do dia para a noite, mas a percepção é melhor e faz todo o sentido ter papel do setor financeiro", afirma ele, que colocou as PNs do Bradesco no portfólio recomendado.
Bastante afetadas pela aversão dos investidores aos papéis do setor financeiro, as preferenciais do Itaú Unibanco estariam depreciadas e também sofrendo por conta de queda no nível de crédito. Na terça-feira, a instituição reportou lucro líquido de R$ 3,807 bilhões no terceiro trimestre do ano - um aumento de 25,5% sobre igual período do ano passado. A carteira de crédito do banco, por sua vez, foi de R$ 382,236 bilhões no período, o que representa uma alta de 22,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A sinalização do banco é de que as medidas necessárias para melhoria da qualidade dos ativos já foram tomadas e que seus impactos deverão começar a surtir efeito no resultado do quarto trimestre, avalia Mônica Araújo, estrategista-chefe da Ativa Corretora, que colocou o papel no portfólio recomendado. "Ainda mantemos uma visão positiva em relação à tese de investimento de Itaú, pautada no cenário ainda favorável de crédito, bem como nos ganhos de eficiências que devem vir a ser apresentadas pelo banco no longo prazo", afirma ela. Em outubro, as PNs do Itaú Unibanco subiram 12,71%, mas no ano ainda acumulavam perda de 16,83% até terça-feira.
Também presente na carteira indicada pela Octo Investimentos, o Itaú Unibanco apresenta fundamentos sólidos destacando-se o elevado caixa livre, qualidade da carteira de crédito e capacidade de alavancagem, destaca Fernando Góes, analista da corretora. Para ele, o resultado do terceiro trimestre veio forte e um pouco acima das expectativas do mercado. "Apesar de acreditarmos que parte do bom resultado já era esperado pelo mercado, a recomendação é de compra pela atual conjuntura econômica, de queda da inflação no segundo semestre, manutenção da atividade e menor risco de aumento da inadimplência."
Com três indicações, as ONs da Eztec também se destacam entre as recomendações para novembro, mesmo após valorização de 23,39% apenas em outubro. Um dos pontos fortes da empresa está na velocidade de vendas, além de margens elevadas e confortável posição de caixa líquido, ressalta a Planner Corretora, em relatório. "A expectativa da confirmação de mais um grande lançamento corporativo para a virada do ano deverá dar novo estímulo aos negócios da companhia, com reflexo nos seus papéis", diz o texto. A empresa deve divulgar os resultados do terceiro trimestre no dia 8.
As prévias do balanço mostram, no entanto, que a Ezetc deverá manter os resultados operacionais dos últimos exercícios, com velocidade de vendas em 22,4% e velocidade de vendas sobre lançamentos de 28%, avalia a Octo Investimentos. "A empresa continua mostrando solidez nas margens e a rentabilidade na operação, além de contar com um colchão de liquidez, algo que é raro no setor", afirma Góes.
Dando um toque conservador às recomendações aparecem as preferenciais da Cemig, que deve divulgar o balanço relativo ao terceiro trimestre no dia 14. Na avaliação da Planner, as ações da empresa dão uma característica defensiva ao portfólio recomendado e ainda têm potencial de valorização. "A empresa deverá apresentar bons resultados operacionais ao longo de 2011 e 2012, visto que as aquisições dos ativos de transmissão feitos nos últimos anos terão maior representatividade em seu desempenho", afirma a corretora, em relatório.
A Planner ressalta que o receio do mercado de que a empresa anunciasse aquisições não atrativas acabou pesando sobre suas ações, que passaram a ser negociadas com desconto em relação aos seus múltiplos históricos. "A última aquisição que a empresa anunciou (participação em Belo Monte), entretanto, foi feita em condições atrativas, no qual a empresa provavelmente conseguirá ter um retorno superior ao que se imaginava", afirma a Planner.
Com duas indicações entre as dez corretoras participante da Carteira Valor, aparecem as preferenciais classe A da Vale, que subiram 6,65% em outubro. O desempenho do papel foi afetado pela forte queda do preço do minério de ferro chinês no mercado à vista (spot), de 31% no período. O resultado do terceiro trimestre também não animou os investidores diante de um volume de minério de ferro vendido abaixo do esperado.
Pesa contra o papel o fato de a empresa, em junho deste ano, ter informado que cortou em 10% a sua meta de produção para 2015, para 469 milhões de toneladas por ano ante 522 milhões anteriormente previsto, refletindo o cenário de desaceleração para os próximos anos. "Apesar disso, a diversificação de negócios da empresa permite um crescimento maior em outros segmentos, como o de cobre, carvão e fertilizantes", avalia Góes, da Octo Investimentos. Para ele, os papéis da Vale já incorporam a maior parte dos riscos referentes à desaceleração global e seu impacto sobre os preços das commodities.
O corte das alíquotas da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), anunciado no fim de outubro, incidente sobre gasolina e óleo diesel, fez com que as ações da Petrobras voltassem ao radar. Após o anúncio, a Petrobras confirmou por meio de comunicado ao mercado que a CIDE virá acompanhada de um reajuste de 10% para a gasolina e de 2% para o diesel na refinaria.
Fonte: Valor Econômico, Luciana Monteiro, 03/11/11