Entidade de urgência e emergência, o Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (M´Boi Mirim), localizado na zona sul de São Paulo (SP), é a organização responsável pelo atendimento dos 600 mil habitantes da região. Voltado à atenção secundária e, por esse motivo, sem dispor de especialistas na área de nefrologia, os atendimentos na área eram realizados com a contratação de profissionais via cooperativa, com o pagamento por procedimento, o que resultava em altos custos e refletia apenas uma medida pontual no tratamento aos pacientes.
Para mudar essa realidade, há 18 meses, a Organização Social, gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, estruturou um novo modelo. Uma equipe foi montada com quatro médicos e uma enfermeira para atender diariamente o paciente nefrológico.
Os médicos ainda são contratados via cooperativa, mas agora recebem uma remuneração fixa, que não está atrelada a cada procedimento. A enfermeira contrata foi treinada para fazer uma pré-triagem do paciente renal, melhorando dessa forma o fluxo do atendimento da patologia, estabelecendo controle e acompanhamento do doente e, dessa forma,
Só nos primeiros 11 meses, a gestão dos pacientes nefrológicos proporcionou economia de R$ 150 mil. Mas a grande transformação não se restringe na diminuição de custos e sim no novo formato de triagem, que acaba por preservar o paciente.
?A inovação foi dimensionar um programa de atendimento nefrológico e parar de atender por procedimento. Começamos a pagar por mês, fazer acompanhamento e estendemos para um suporte nefrológico?, explica o coordenador médico do serviço de Diálise do Hospital Albert Einstein, Bento Cardoso.
O projeto, coordenado dentro do M´Boi Mirim pela nefrologista Thais Matsui, traz a possibilidade de traçar um perfil dos pacientes e transformar as informações em conhecimento. Já se sabe, por exemplo, que a idade média dos pacientes do sexo masculino é 58,6 anos e as mulheres atendidas têm, em média, 27,8 anos. A patologia que demanda mais esse tipo de tratamento é a diabetes, seguida por hipertensão, insuficiência renal crônica e diálitica e portadores do vírus HIV.
Desde o começo da triagem, foram 4984 atendimentos, 9,1 pacientes por dia e 26 novas avaliações por mês. Foram 1475 seções de diálise desde o início do programa, 81,9 por mês e 3,1 por dia. Cardoso ainda não comparou com a quantidade de procedimentos, mas o que está claro é a tendência a queda de procedimentos diáliticos e o maior controle das doenças da população.
?O que é interessante, se antes a diálise era todo o trabalho, hoje ela é parte dele. Na verdade, se consegue editar a realização da diálise por um suporte anterior, se tem um quadro de insuficiência renal aguda e evitar que ela vá para a diálise e eliminar a possibilidade de fazer. Isso diminui o custo, mais diminui também a necessidade do paciente?, completa Cardoso.