A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) publicou um estudo inédito que mostra detalhes sobre o mapa dos hospitais no Brasil. O relatório “Cenários dos Hospitais no Brasil - 2018” aponta redução de 8,9% no número de hospitais privados entre 2010 e 2017. No mesmo período, o número total de leitos passou de 435.793 para 415.009, o que significa uma redução de 4,8%. De acordo com as informações do documento, seria necessário um investimento de R$ 30 bilhões para recuperar o setor dessa redução.
O dados foram obtidos por meio de pesquisas nos registros do Ministério da Saúde e trazem gráficos e análises que demonstram o cenário do setor em cada região do país. Os números de leitos e hospitais são considerados pela FBH como indicadores importantes para determinar o tamanho da estrutura e capacidade de atendimento de saúde, de alta e médica complexidade, disponível à população.
“Pôde-se, pela primeira vez, entender com cortes regionais, e mesmo por Unidade da Federação, a triste trajetória recente dos hospitais privados. Por fim, foi possível analisar as características daqueles hospitais que fecharam ao longo do período. Foram perdidos mais de 31 mil leitos em hospitais que eram, em sua maioria, não filantrópicos e pequenos. Aproximadamente 50% desses hospitais atendiam ao SUS”, comenta o autor do estudo, Bruno Sobral, economista e consultor da FBH.
“Esses fechamentos são um fenômeno multifacetado. Tiveram papel importante no cenário econômico adverso, com a redução do número de beneficiários de planos de saúde, somados à falência dos Estados e dos recursos destinados ao SUS. Mas não foi só isso. A relação desigual com as operadoras, principalmente em pequenas cidades, também contribuiu, e os altos impostos também tiveram seu papel. Não à toa, a maioria dos hospitais fechados tinham fins lucrativos, sendo por isso fortemente impactados por uma carga tributária de mais de 35%”, relata o economista.
A maior parte dos hospitais fechados eram das regiões Sudeste e Nordeste. No caso da região Sudeste, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro corresponderam a mais de 24% deste total em 2014.
Ainda assim, a FBH é otimista quanto à recuperação do setor. “As perspectivas no lado dos negócios são de melhora. Já em 2017, o número de fechamentos se reduziu. Há um movimento atual de fusão entre hospitais que têm o potencial de ser muito positivo a partir de ganhos de escala e formação de redes integradas. A possibilidade de investimento estrangeiro abriu também novas e boas perspectivas de entrada de dinheiro novo e a custos reduzidos para novos investimentos e ampliações”, aponta Sobral
Já na política, por outro lado, as ameaças continuam crescentes. “Um sem-número de projetos de Lei tentam, de maneira artificial, aumentar custos trabalhistas, o que não só tem o potencial de desestimular novos investimentos, como pode contribuir para o desemprego. Mais recentemente, uma decisão da Câmara de Medicamentos, em uma canetada, passou a proibir que os hospitais possam cobrar pelos custos atrelados à dispensação, armazenamento e compra de medicamentos, o que acarretará impactos severos para o setor. Espero que as mudanças políticas a partir de 2019 possam trazer novos e melhores ares para o setor hospitalar privado, que tantas contribuições tem dado à saúde dos brasileiros ao longo da história”, detalha.
Leia mais detalhes do relatório no link: fbh.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Relatorio-FBH-CNS_web.pdf