Um dos desafios do setor de saúde é garantir o acesso universal a seus serviços, de maneira rápida e resolutiva, considerando:
- escassez de recursos e infraestrutura insuficiente para atender toda a demanda;
- desequilíbrio na alocação de recursos entre promoção, proteção e recuperação da saúde;
- demanda crescente que aumentará mais com o envelhecimento da população;
- custos médicos aumentando mais do que a inflação;
- as receitas, sejam elas para o SUS ou para saúde suplementar, não crescem na mesma proporção que os custos.
De uma forma mais setorial, é fundamental que todos os atores do setor, principalmente os governantes, olhem a rede de valor de saúde e enfoquem alguns aspectos fundamentais:
Reequilibrar atuação entre a promoção, proteção e recuperação
Assim como em diversas atividades, as medidas corretivas (recuperação) são muito mais caras do que as preventivas (promoção e proteção). Ter políticas públicas que enfoquem cada vez mais na promoção e prevenção ao invés da recuperação é fundamental para equilíbrio do sistema de saúde como um todo.
Rever o balanceamento setorial
É fundamental balancear o setor, tendo um plano diretor que identifique quais são as necessidades para atenção primária, secundária e terciária no país, independente se a prestação do serviço será ofertada pelo poder público ou privado. Ou seja, quantas unidades de PSF (Programa Saúde da Família) precisamos no curto, médio e longo prazo e em cada região do país, quantas de AMA, AME, PA, PS, quantos médicos, enfermeiros, técnicos, quantos leitos, salas cirúrgicas, aceleradores lineares, e assim por diante.
Educar a população quanto ao uso apropriado dos segmentos primário, secundário e terciário dos serviços de saúde
A correta utilização de cada um desses segmentos pode otimizar o uso dos serviços, reduzindo os custos para o setor e garantindo o atendimento mais adequado ao paciente em cada situação.
Conhecer os atuais atores do setor
Quem são, que serviços disponibilizam, em que quantidade, quais serviços a população pode contar e onde eles estão, etc;
Rever estímulos entre elos da cadeia de valor
Na saúde suplementar, a relação financeira entre operadores e pagadores é denominada “fee-for-service”, em que o pagador reembolsa o valor de todos os serviço e insumos utilizados pelo operador. Os operadores, portanto, tem um estimulo para realizar a maior quantidade de serviços possíveis, tornando secundário fatores como qualidade do atendimento, saúde do paciente e racionalização de recursos.
5 eixos principais no contexto dos prestadores de serviços
1. garantir uma boa experiência do paciente: Por mais que estejamos falando de um momento que na grande maioria das vezes o paciente está emocionalmente abalado, é preciso que a experiência dele seja positiva, que ele se sinta acolhido e sinta que tudo está sendo feito para que ele volte a condição de saúde anterior ao problema. E caso isso não seja possível, que ele sinta que tudo o que poderia ter sido feito foi realmente feito e da melhor forma;
2. otimização dos processos a luz da estratégia, tornando-os cada vez mais corretos e seguros, sem falhas e menos burocráticos, e aderentes a estratégia da organização;
3. utilização de sistemas: ainda existem muitos e muitos “equipamento” de saúde (hospitais, ambulatórios, etc) que executam seus processos de forma manual. Isso leva a erros e reduz drasticamente a velocidade dos processos, a qualidade das informações geradas e, consequentemente, faz com que o gestor tome decisões erradas ou atrasadas;
4. balanceamento dos recursos nas organizações: assim como no setor, as organizações precisam balancear seus recursos, entendendo a sua epidemiologia e demanda, e o quanto de recursos são consumidos por essa demanda. Precisam equilibrar a oferta com a demanda, para que o acesso do paciente ao sistema seja o mais breve possível e passagem do paciente pela organização ocorra da forma mais rápida possível, sem perder, é claro, a eficácia do atendimento.
5. capacitação: tornar a sua mão de obra cada vez mais preparada para executar bem os processos e os procedimentos de saúde. Não adianta ter bons processos, bons sistemas, boa infraestrutura, se a mão de obra não está preparada;