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Conheça a história do médico que foi ''expulso'' do SUS

O médico carioca Márcio Maranhão, 44 anos escreveu um livro onde denuncia problemas que enfrentou com a saúde no Brasil.

O médico carioca Márcio Maranhão, 44 anos, tem criado uma grande polêmica na última semana. O cirurgião torácico escreveu um livro onde denuncia problemas que enfrentou com a saúde no Brasil e o que o levou a desistir do setor público.

O livro, chamado de Sob pressão: A rotina de guerra de um médico brasileiro, terá seu lançamento essa semana pela editora Foz. O objetivo da publicação é mostrar as dificuldades que o médico e o paciente encontram com a saúde no Brasil e o SUS.

''Costumo dizer que eu não desisti do sistema de saúde pública, ele é que desistiu de mim. Fui rejeitado, expelido, praticamente expulso'', disse ele em sua publicação.

Com o objetivo de exercer a parte social da medicina, Maranhão se formou na UERJ e fez cinco anos de residência em hospitais públicos, onde ele começa a contar sobre o caos que acontece com a saúde no Brasil.

Um dos primeiros hospitais que teve contato, o Souza Aguiar, foi relatado por ele como o ''inferno de Dante''. Segundo o médico, era comum o uso de macas do necrotério vizinho, para não precisar tratar alguns pacientes no chão.

Marcio aponta ainda a questão de baixos salários que o SUS paga para os profissionais que trabalham com a saúde no Brasil. Ele alega que, em um hospital que trabalhou como cirurgião, seu salário era de R$ 1.372,67, com um aumento de 100 reais durante oito anos.

O cirurgião trabalhou também por um ano como plantonista no SAMU, quando percorreu favelas e vivenciou cenas de guerra.

''No SAMU, via uma realidade que não imaginava existir tão perto de nós, que é estar numa favela violenta sendo o único braço do poder público a ter entrada. Trago histórias significativas, e uma delas foi a peregrinação para conseguir um leito de terapia intensiva. Foram 36 horas de plantão, porque eu não tinha como largar o paciente no meio'', disse em entrevista ao jornal O Globo.

Em 2009, pediu exoneração após todas as experiências traumáticas sofridas com a saúde no Brasil. Segundo ele, o desgaste e indignação o fizeram tomar essa decisão.

O cirurgião atualmente chefia o Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital da Força Aérea do Galeão, onde, segundo ele, há ''condições de trabalho''.

''Nunca me propus a dar uma solução simples, mas dentre os maiores problemas está o subfinanciamento, isso é uma unanimidade. Além da má gestão e da corrupção endêmica, que permeia todos os setores, desde a compra de insumos à contratação'', disse Maranhão.

Alguns dos problemas apontados pelo médico não são novidade para nós que lemos notícias sobre o estado em que se encontra a saúde no Brasil. Porém, torcemos para que o livro e a divulgação que ele tem tido na mídia crie algum tipo de comoção que possa melhorar a situação dos brasileiros que não têm outra escolha, a não ser usar o serviço para sobreviver.