O Big Data pode revolucionar a saúde, traçando perfis fiéis dos pacientes para balizar iniciativas mais preditivas e menos reativas – e, portanto, gerar economia. Mas o que falta para esse cenário tornar-se realidade no Brasil?
“Informação, já temos. A dúvida é como transformá-la em conhecimento”, avalia Carlos Marinelli, CEO do Grupo Fleury. Esse processo envolve a estruturação dos dados, que transforma números sem contexto em indicadores palpáveis. E é isso que está em falta, avalia Paulo Magnus, CEO da MV. “A informação tem menos de 15 anos dentro das unidades de saúde do Brasil, é muito jovem. E, em sua maioria, foi direcionada para prescrições e não caminhamos para estruturar isso”, explica.
Uma forma de organizar esses dados em benefício da saúde da população seria o desenvolvimento de um modelo de prontuário online pelo governo, que seria disponibilizado publicamente na nuvem para todas as instituições, sugere Luiz Tizatto, CEO da UnitCare. Porém esse cenário é muito improvável, limitando outras iniciativas semelhantes. Magnus concorda e atribui às empresas a missão de conectar a saúde: “Não acredito que o governo possa prover soluções, mas a conexão de muitos bons projetos privados pode”.
Para se integrar, o setor precisa enfrentar duas barreiras:'quem é dono da informação?' e 'quem paga por isso?'. As empresas precisam enfrentar essas questões de frente e compartilhar para ganhar em escala”, avalia Jomar Fajardo, diretor de saúde da IBM.
O mercado de saúde pode se espelhar em outras áreas que já se integraram para pensar em iniciativas colaborativas. “O setor bancário é um bom exemplo, eles se conversam. O cliente pode fazer migração de serviço quando quiser e esses dados não vazam para o mercado”, diz Tizatto.
Relação com médicos
Há o fator de "as tecnologias são simples, mas o médico não quer adotá-las. Há, por exemplo, o temor de infringir o sigilo médico-paciente”, argumenta Tizatto.
Paula Campoy, diretora de excelência ao cliente da Abbvie, lembra que o médico hoje não é tomador de decisão isolado – o consumidor busca informações na internet, com amigos e outros vetores, dando a ele o papel de influenciador: “o médico acompanhar essa evolução é fundamental”.
Evangelizar a classe exige encontrar meios para se comunicar com eles de forma mais eficiente, argumenta Magnus. “O médico é conservador para mudanças porque não tem tempo. Se a informação chegar a ele de forma estruturada e com boa qualidade, vai perceber que há benefícios, como a própria economia de tempo”, conclui.
*Carlos Oliveira, redator da Integrare - Marketing de Conteúdo 360º, especial para o Saúde Business