Os robôs já conquistaram um lugar no universo da saúde - de andróides cirúrgicos capazes de suturar um ferimento melhor do que a mão humana a "nanorobôs" que conseguem nadar na corrente sanguínea.
Mas agora o terreno está preparado para um novo tipo de robô, um que tenha um cérebro sofisticado e uma tolerância ilimitada para tarefas subalternas.
Nos próximos anos, milhares de "robôs de serviço" devem ingressar no setor de saúde - imagine o R2-D2 de "Guerra nas Estrelas" carregando uma bandeja com remédios ou roupas para lavar, pelos corredores de um hospital.
Menos de 1.000 destes robôs circulam hoje pelos hospitais dos Estados Unidos, mas esse número deve crescer rapidamente.
À medida que a população idosa aumenta, o sistema de saúde do país está enfrentando pressões orçamentárias e uma escassez de médicos e enfermeiras. Muitos administradores esperam empurrar aos robôs boa parte das tarefas menos nobres de um hospital.
Isso poderia criar uma grande oportunidade para desenvolvedores de software e de aplicativos criarem novos programas para os robôs, dizem investidores e observadores da indústria.
"Meu palpite é que, em cinco anos, haverá dez vezes mais robôs em hospitais do que há hoje", disse Donald Jones, diretor-gerente da Draper Triangle Ventures, que está investindo na empresa de robótica Aethon Inc., de capital fechado. "Nós simplesmente não teremos mãos humanas suficientes para fazer todo trabalho."
Essa nova categoria de robôs vem exibindo características encontradas cada vez mais em smartphones, aparelhos de videogame e outros eletrônicos de consumo, desde sensores avançados e detectores de movimento até poderosos microprocessadores e ativadores de voz. Os robôs de serviço são capazes de lidar com ambientes que se modificam, até mesmo o cenário caótico de um hospital.
À frente dessa tendência está uma das maiores empresas de robótica do mundo, a iRobot Corp., de Bedford, no Estado americano de Massachusetts, que já anunciou uma forte investida no setor de saúde.
Famosa por fabricar um aspirador de pó robótico chamado Roomba, a iRobot teve um faturamento de US$ 465,5 milhões no ano passado, grande parte proveniente do exército dos Estados Unidos. A empresa vendeu milhares de robôs especializados para o exército, que os utiliza para desarmar bombas e transitar por territórios hostis no Iraque e no Afeganistão.
Mas a iRobot pode vir a enfrentar uma crise financeira com seu maior cliente, já que o Congresso americano continua a cortar gastos militares. A empresa, portanto, está em busca de uma nova indústria para investir.
A iRobot está fazendo um grande esforço para colocar nos hospitais seu robô médico Ava - um aparelho que anda sobre rodas e usa um computador tablet como interface -, disse seu diretor-presidente, Colin Angle.
Com esse objetivo, a empresa adquiriu há pouco tempo uma participação numa recém-criada empresa da Califórnia, a InTouch Health Inc., cujos aparelhos robóticos controlados por vídeo foram recentemente aprovados pela FDA, o órgão de vigilância sanitária dos EUA. Os robôs fabricados pela InTouch percorrem os corredores de hospitais, sob o controle remoto de um médico.
A InTouch tem diversos robôs para oferecer, sendo que a maioria deles ajuda a conectar médicos a pacientes distantes, através de videoconferência. Os robôs permitem que os médicos realizem rondas virtuais e chequem pacientes, mesmo que eles estejam a quilômetros de distância.
Além dos sensores que dão aos robôs a capacidade de se localizar e se orientar, os aparelhos têm tecnologia de telepresença por vídeo, que permite a sincronização com outros dispositivos médicos. Deste modo, médicos podem usar os robôs para visualizar remotamente a informação sendo mostrada em monitores e outros aparelhos.
Mais de 400 hospitais estão utilizando os robôs InTouch ou sua tecnologia de telepresença.
Outra empresa iniciante que está oferecendo um robô médico é a Aethon, de Pittsburgh, que vendeu robôs para mais de cem hospitais. Essas máquinas itinerantes ganham seu sustento carregando bandejas de comida, roupa de cama, lixo, registros médicos, remédios e outros itens de um lugar do hospital para a outro.