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Como a Nestlé está reagindo a pressões por alimentos mais saudáveis?

LAUSANNE (SUÍÇA) - O gigante suíço Nestlé sinaliza que vai continuar investindo forte na sua evolução de grupo alimentar para a de “líder indiscutível” na nutrição, saúde e bem-estar, também para reagir a regulamentações crescentes de governos.

Peter Brabeck-Letmathe, presidente do conselho de administração, avisou aos acionistas, na assembleia geral realizada hoje em Lausanne, que a indústria alimentar no conjunto “é hoje questionada como nunca antes”.

Segundo Brabeck, “a explosão de custos da saúde e a não viabilidade dos sistemas públicos de saúde vão aumentar mais a pressão sobre a indústria alimentar”.

A empresa diz estar melhorando o valor nutricional de seus produtos, reduzindo o teor de açúcar (de 15% na Suíça, por exemplo), de sal (10%) e de gorduras e ao mesmo tempo aumentando micronutrimentos nos cereais.

O objetivo agora é ir além das fronteiras da nutrição, e compreender melhor a interação entre alimentos, saúde, os genes e o estilo de vida, afirmou Paul Bulcke, principal executivo da Nestlé.

Alem de bilhões de dólares de investimentos anuais em pesquisa e desenvolvimento, a divisão Nestlé Health Science, criada em 2011, fez aquisições.

Em 2012, comprou a empresa americana Accera, que visa gerir a doença de Alzheimer para a nutrição clínica. Também formou uma associação com o grupo farmacêutico Chi-Med, controlado pelo bilionário Li Ki-shing, de Hong Kong, para desenvolver tratamento gastrointestinal baseado na medicina tradicional  chinesa, à base de plantas.

Em novembro, a divisão comprou a Wyeth Nutrition,  atividade de nutrição infantil da Pfizer. Essa empresa realiza 85% de seu faturamento nos mercados emergentes. Um dos objetivos é crescer bem na China, a segunda maior economia do mundo.

A assembleia geral aprovou ontem a entrada da chinesa Eva Cheng no conselho de administração. A China tornou-se o segundo maior mercado para a Nestlé, e acionistas chineses tem agora 2,6% da companhia, na mesma faixa dos japoneses. Acionistas suíços tem 35%, dos EUA, 26,5%.

O grupo faturou 92,2 bilhões de francos suíços em 2012, com crescimento orgânico de 5,9%. O lucro liquido foi de 10,6 bilhões de francos (aumento de 11,8%) — 60% será distribuído em dividendos.

Bulcke comemorou o desempenho da empresa, diante dos acionistas, alertou que as dificuldades no contexto global ainda não acabaram e insistiu que a estratégia não muda.

Em fevereiro, analistas notaram desaceleração em mercados emergentes, que representam mais de 40% do faturamento do grupo.

Fonte: Assis Moreira,Valor Econômico, 11/04/2013