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Como estabelecer padrões de qualidade na saúde

No último CONAHP, Martin Ingvar, vice-chanceler adjunto e professor do Karolinska Institutet e membro do Conselho da Fundação ICHOM palestrou sobre saúde baseada em valor e o papel dos hospitais como integrador​es do sistema. A ICHOM é um consórcio internacional para medição de resultados em saúde fundado em 2012 por três instituições: Harvard Business School, The Boston Consulting Group, dos EUA e o Karolinska Institutet, da Suécia. Eles desenvolveram um conjunto de padrões que visam medir os desfechos em saúde a partir da coleta de dados internacional de pacientes, acadêmicos e profissionais de saúde.

“São realizadas aferições de diferentes dimensões, como melhoria relacionada ao diagnóstico, melhoria geral da saúde, estimativa de qualidade de vida entre outras. Não queremos que alguém diga que medimos certos parâmetros porque estamos favorecendo alguma tecnologia, por isso acreditamos que o desenvolvimento destes padrões é um problema da academia, dos prestadores e pacientes, deixando de fora a indústria neste momento”, explica Martin. É importante ressaltar que as perguntas realizadas aos pacientes tem o objetivo de demonstrar o quão eficiente está sendo a assistência médica em sua opinião. Com isso ​a ICHOM consegue ter  um entendimento geral da qualidade oferecida em uma determinada área e produzir um material de qualidade e gratuito para qualquer pessoa ou instituição que queira utilizar.

O professor nos conta brevemente sobre os programas iniciais para benchmarking global da ICHOM, de Catarata e de Osteoartrite de joelho e quadril. Diz ter sido muito difícil quando se deram conta do quão enclausurados estavam os dados nos prontuários médicos, por isso reforça a importância de se ter dados estruturados para iniciar todo o processo.  Segundo Martin, a segunda lição valiosa com este projeto foi perceber que o feedback rápido para as instituições, assim que conseguem extrair e analisar os dados, permite melhoria contínua na qualidade da assistência.

Quando questionado sobre a qualidade dos serviços dentro de modelos de Accountable Care Organizations (ACO), Martin menciona o contexto dos países baixos, onde é perguntado diretamente para os prestadores quais tem interesse em receber pagamentos baseado em valor. Estes prestadores devem fornecer dados de qualidade continuamente que os tornam responsáveis pela qualidade do serviço. E critica o modelo que algumas ACOs adotam onde são responsáveis mais pelos desfechos econômicos produzidos podendo interferir no julgamento do profissional.

“Acredito que o conceito cru da saúde baseada em valor deixa mais espaço para o profissional trabalhar individualmente com o paciente ​do que uma ACO, onde de repente há tantas regras que você não poderá transgredi-la sem ser punido ou sem ser visto como uma coisa ruim!”, relata Martin. O professor frisa a necessidade de se ter um equilíbrio entre individualização e padronização.

Por fim, sugere que o Brasil adote parâmetros nacionais de qualidade, que sirvam tanto para o sistema público como para o privado. Desta forma será possível criar interoperabilidade entre os sistemas. “A interoperabilidade não precisa ser para tudo, mas pelo menos para alguns dados que permitirão entender qual a questão da qualidade no país. Neste momento a percepção é que existe uma lacuna enorme entre o público e o privado, mas eu não tenho certeza se ela é assim tão grande!”.

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