faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

Como Criar um Vale do Silício brasileiro?

Qual a receita para se criar um Vale do Silício Brasileiro? Veja o que um dos maiores investidores do mundo falou sobre a replicação do modelo.

Para criar um Vale do Silício brasileiro, a receita mais popular seria:

  • Construa um grande, belo e completamente equipado parque tecnológico
  • Misture laboratórios de P & D e centros universitários
  • Provenha incentivos para atrair cientistas, empresas e usuários
  • Interconecte a indústria através de consórcios e fornecedores especializados
  • Proteja e propriedade intelectual e transferência tecnológica
  • Estabeleça um meio favorável para negócios e regulamentações.

Essa abordagem, no entanto, para pólos de inovação na verdade não funciona. No entanto, os políticos estão sempre procurando pelo próximo Vale do Silício, por causa da conexão crítica entre inovação tecnológica, crescimento econômico e oportunidade social.

Esforços anteriores para esses polos não deram certo por diversas razões. Um grande motivo é que os esforços governamentais sozinhos não conseguem arrastar pessoas. Essa é a razão pela qual experimentos recentes focam mais em construir comunidades empreendedoras, centros urbanos, distritos e hackerspaces. O que seria necessário, então, para tornar possível a criação de um Vale do Silício brasileiro? Segundo a especialista em tecnologia Fiona Murray, quem tenta criar um pólo tecnológico ou está indo no sentido descendente, concentrando-se principalmente em infraestrutura - desembolsando um parque de escritórios ao lado de uma universidade, por exemplo - ou crescente, concentrando-se apenas em contatos. Nenhum desses esforços cobrem os dois lados com sucesso, com o governo, academia e a comunidade empreendedora prosseguindo juntos em sintonia, como foi o caso do desenvolvimento do Vale do Silício original.

Porém, os políticos não deveriam tentar copiar o Vale. Ao invés disso, eles deveriam tentar descobrir qual domínio é (ou poderia ser) específico para cada região, e então remover os obstáculos para aquele local, em específico. A ideia não é ter diversos Vales do Silício, e sim variações do pólo, e, quem sabe, um Vale do Silício brasileiro.

Imagine, por exemplo, um Vale Bitcoin, onde algum país legaliza totalmente moedas de criptografia para todas as funções financeiras. Ou um Vale Drone, onde uma região particular remove todas as barreiras legais para voar veículos aéreos não tripulados localmente. O ideal seria, antes da criação de um Vale do Silício brasileiro, descobrir qual segmento a região poderia hospedar, e quais as facilidades que o governo está disposto a oferecer.

Existe uma diferença chave no antigo argumento de que se você construir, as empresas virão até você. O foco é mais em direcionar à uma competição regulatória entre cidade, estado e governo nacional. Há muitas novas categorias de inovação e empreendedorismo ansiosas atrás de oportunidades para cada uma delas. Repensando as barreiras regulatórias em indústrias específicas, seria melhor atrair startups, pesquisadores e divisões de grandes companhias que querem inovar na vanguarda de um segmento em particular.

O motivo dessa abordagem é que, comparando com os esforços anteriores de aglomeração de inovação, onde governos planejavam fazer algo não natural, essa proposta flui naturalmente o que os governos fazem de melhor: criar, ou melhor, abrir brechas em leis.

Outra vantagem dessa abordagem na construção de um Vale do Silício brasileiro é que é uma forma para que nichos se diferenciem entre si e compitam por recursos com sucesso. Podemos pensar nisso como uma forma de ''arbitragem global'' em torno da inovação sem permissão, ou seja, a liberdade de criar novas tecnologias sem precisar pedir autorização aos poderes. Empreendedores podem tirar vantagem da diferença entre oportunidades entre regiões diferentes, onde a inovação em um domínio particular de interesse pode ser restrita em uma região e permitida e encorajada em outra, ou até completamente legal em uma terceira. Por exemplo, as leis e diretrizes para a utilização de drones ou impostos de bitcoins já variam entre diferentes locais, assim como acontece com os serviços de ride-sharing entre diferentes cidades dos Estados Unidos.

Porém, a maior vantagem de se criar um Vale do Silício brasileiro entre os diversos que deveriam existir não é apenas o que ele pode proporcionar à regiões isoladas ou empresários, e sim que ela pode acelerar a inovação em todos os lugares. Remover regulamentos entre regiões diferentes permite que múltiplas categorias de inovação avancem juntas de uma vez, paralelamente, sem serem estranguladas pelo tempo ou local.

Então, quais são os riscos? Existe uma possibilidade real de que regiões avançadas irão essencialmente terceirizar ou "regular por fora" em sua própria conta e risco, em detrimento de outras menos avançadas. Olhando mais para frente, os países mais pobres podem virar mais tentados a assumir as mesmas coisas que países mais ricos estão receptando fora de suas fronteiras. Porém, desde que as inovações não arrisquem a vida, um modelo como esse de Vale do Silício brasileiro pode prover uma forma mais rápida e factível de regiões em desenvolvimento alcançarem outras. Especialmente quando considera-se a vantagem que grupos anteriores de inovação não tiveram: mobilidade.

Com 5,9 bilhões de usuários de smartphones ficando online em cinco anos, em grande parte devido ao mundo em desenvolvimento, dispositivos móveis não agem apenas como niveladores, mas como um multiplicadores também.

''Uma forma de pensar no crescimento econômico é a de que é tudo sobre a adoção de novas tecnologias de produção . Podemos dizer que a introdução da eletricidade em si foi um crescimento econômico, ou que a adoção de smartphones será. No entanto, elas são duas tecnologias multiplicadoras: eletricidade permite que mais trabalho seja feito substituindo o poder muscular e, pela luz, permite que o trabalho ou o estudo seja feito por mais horas no dia. O smartphone abre os livros do conhecimento humano para aqueles que nunca tiveram acesso anteriormente. Isso é o que seriamente irá acelerar o crescimento econômico em todos outros segmentos também. Aquele camponês tentando gerenciar seu acre de milho usando nada além de uma enxada e um facão, claramente, não será o melhor usuário do mundo do Facebook. Porém, ele irá se beneficiar massivamente com informações sobre o clima, preços de mercado e melhores práticas agrícolas'', argumentou o escritor britânico de economia, Tim Worstall.

Por causa dos celulares, remover obstáculos regulatórios deixa de ser um ciclo potencialmente vicioso para um mais virtuoso que pode ajudar milhões de pessoas a saírem da pobreza. E as próximas grandes companhias podem não ser desenvolvidas nos Estados Unidos, mas em qualquer outro lugar do mundo.

Esse tipo de competição é provavelmente a única forma de criar um Vale do Silício brasileiro que possa competir com as grandes vantagens que o Vale do Silício já tem. Nos Estados Unidos, a ''morte da distância'' devido à melhoras nas tecnologias de comunicação só beneficiou historicamente lugares produtores de ideias, como Nova York, mas não ajudou os produtores de mercadorias, como Detroit. É por isso que transformar Detroit em um Vale do Drone comercial poderia atrair pessoas inovadoras, que por sua vez querem estar perto de outras pessoas inovadoras em todo o domínio. Ou seja, no Brasil, mesmo as localidades que não são produtoras de ideias, e sim de mercadorias, podem se beneficiar e se tornar o Vale do Silício brasileiro.

Nosso país já está sendo conhecido por ser amigável à regulamentação comercial de drones. O mesmo também está acontecendo em outros locais, com companhias como a 23andme que são forçadas a explorar as oportunidades no exterior, atletas vão a lugares como a Alemanha para medicina, e até o Japão está considerando reduzir a burocracia regulatória para atrair mais R & D farmacêuticas. Mas esses exemplos são mais reativos do que pró-ativos. Estamos argumentando para que cidades, estados e países considerem mais sistematicamente e criem suas vantagens regulatórias competitivas.

Esse tipo de arbitragem regulatória já está acontecendo nos Estados Unidos, também, através de inovações como o Google Fiber. Ao invés do modelo tradicional onde empresas telefônicas competem para estar em uma vizinhança específica de uma cidade, as cidades é que estão competindo para ter o Google Fiber. E aqueles mais dispostos a relaxar seus regulamentos frequentemente arbitrários e taxas, são os que estão conseguindo.

A abordagem da arbitragem regulatória pode auxiliar a criação do Vale do Silício brasileiro. Ela ajuda a sacudir captura regulatória completamente. A melhor defesa dos regulamentos é que eles são usados para defender os interesses do consumidor. Porém, a realidade é que agências e incumbentes tendem a se preocupar mais com seus interesses e em extrair renda.

Existem fatores culturais em jogo aqui, é claro. Afinal, o Vale do Silício não é somente um lugar, e sim um estado de espírito.

Porém, ao invés de discutir se a ideia do Vale do Silício pode ou não ser copiada, precisamos mudar o foco para a abordagem que o Vale sozinho não consegue, enquanto também cria oportunidades para um conjunto mais amplo de pessoas. O que é necessário é que o Vale do Silício brasileiro seja um dos polos em algum segmento específico. Precisamos de 50 Vales do Silício diferentes, e não de 50 cópias.

Fonte: Marc Andressen

Viagem para o Centro Da Inovação em Saúde

Quer receber matérias como essa em seu email?

[mc4wp_form]

TAG: Geral