Fundou com o pai uma empresa de internet que se especializou em desenvolver sistemas de reservas online de hotéis. Há quase 3 anos a empresa foi vendida e a opção por empreender continuou lhe chamando. Só que, dessa vez, quis explorar os negócios de impacto social. Foi assim que chegou a criar o Projeto Conectando Gerações, que objetiva amenizar o problema do isolamento social de idosos através de uma rede de voluntários que se disponham a fazer contatos periódicos por vídeo em tempo real via internet. O projeto ainda não virou um negócio propriamente, mas esse é o objetivo de Mórris. Para conhecer mais sobre essa nova iniciativa, o Empreender Saúde fez essa entrevista.
1) Como surgiu o Conectando Gerações?
Meu interesse pelo tema do envelhecimento veio de 2011, quando eu procurei uma instituição para fazer trabalho voluntário e cheguei na Liga Solidária. Após me oficializar como voluntário na ONG, mas sem saber exatamente qual trabalho executar, me sugeriram conhecer o Lar Sant'Anna, um residencial pertencente a essa instituição, por ser próximo à minha casa. Então comecei a "dar aula de informática" lá, ajudando os idosos a mexer no computador e internet e gostei muito, então decidi continuar por lá e assim surgiu meu interesse pelo área. Esse trabalho voluntário durou pouco mais de 1 ano mas foi o suficiente para eu perceber o grande número de idosos que havia nessas instituições, totalmente lúcidos, porém que não recebem visitas e passam a maior parte do tempo sozinhos.
2) Qual é o objetivo do projeto?
O projeto Conectando Gerações tem por objetivo melhorar o bem estar e a qualidade de vida desses idosos, principalmente os mais solitários, aproximando eles dos jovens, através de uma plataforma de conversa por vídeo em tempo real via internet, permitindo também que quem tem vontade de fazer trabalho voluntário com idosos mas não tem tempo ou condições de ir pessoalmente possa fazer isso via web.
Desta forma, criam-se vínculos entre os idosos e os voluntários, estimulando e gerando trocas intergeracionais, trazendo companhia e carinho aos idosos mais solitários e permitindo que eles possam também passar experiências e ensinamentos, fazendo com que eles se sintam mais úteis, e reinseridos na sociedade, inclusive pelo próprio uso da tecnologia.
3) Que resultados obteve até agora?
O projeto começou a sair do papel no meio deste ano com a minha participação no Social Good Brasil Lab 2014, onde desenvolvi melhor a ideia e sua prototipação. A plataforma ainda está em fase beta, mas estamos validando inúmeras hipóteses e os testes iniciais tiveram uma aceitação muito boa dos dois lados, tendo ocorrido conversas muito proveitosas. Os idosos que testaram ficaram a vontade, estabeleceram os primeiros vínculos, e querem continuar participando.
Com relação aos voluntários, em pouco mais de um mês no ar o site e a fan page no Facebook recebeu mais de 1600 visitas e 420 cadastros de interessados, dos quais cerca de 160 já preencheram o perfil completo com seus dados e horários disponíveis para conversas com um idoso. Agora eles estão sendo entrevistados por uma psicóloga da área (também remotamente) para receberem algumas instruções básicas antes de iniciar o contato com os idosos. Agora estou em contato com as IPLI`s para trazer mais idosos para a plataforma.
4) Que estratégia vem adotando para entender e se inserir no mercado de serviços para o público idoso?
Tenho ido a muitos eventos para a terceira idade e participado de grupos como o Aging 2.0, além de divulgar nas redes sociais e portais especializados. Com isso tenho conhecido muita gente deste mercado, que apesar de ser novo para mim, tem me encantado cada vez mais. Tenho recebido também apoio de muitas pessoas entusiastas da ideia, além de instituições ligadas a negócios de impacto social.
5) Você pretende transformar o Conectando Gerações em um negócio social. Quais possibilidades enxerga para isso?
Eu vejo que ainda há uma grande carência de atenção dos empresários para o envelhecimento da população e para o mercado gigante que esse público já representa. Por isso enxergo muitas oportunidades que podem ser trabalhadas neste projeto. Além disso vejo que falta uma cultura de valorização do idoso no Brasil. E cada vez mais estou convencido de que o rápido envelhecimento da população torna urgente mudarmos essa realidade de abandono que existe hoje. Portanto acho que o Conectando Gerações pode futuramente trabalhar em varias frentes ligadas ao uso de tecnologia para mudar este panorama.