Por mais quentes que estejam os ventos na Líbia e no mundo árabe, 2011 promete ser um ano dourado para os IPOs na bolsa brasileira. Nos últimos seis anos, surgiu no país uma nova geração de empresários que encontraram no Mercado de capitais o combustível para crescer. Foi este o caso de empreendedores como João Alves de Queiroz Filho, da Hypermarcas, Elie Horn, da Cyrela, ou Eike Batista, do grupo EBX.
“Se as coisas continuarem no ritmo atual, neste ano teremos o maior volume de abertura de capital da história”, diz Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa. Ele espera que as novatas levantem mais de 55 bilhões de reais no ano.
Neste cenário, o setor de saúde promete ter um grande destaque, o que trará excelentes oportunidades e muitos desafios para empresas do setor.
Por que o ano começou tão aquecido?
O pano de fundo dessa história toda é o interesse dos investidores estrangeiros pelo Brasil, pois eles respondem por até 80% da demanda de uma emissão de ações.
Outro fator-chave é que enquanto a Bovespa teve um mau desempenho em 2010, empresas ligadas a setores como consumo chegaram perto de seus picos históricos. As ações de Ambev e Lojas Renner tiveram valorização de cerca de 50% no ano.
É de esperar, portanto, que empresas ligadas ao aumento da renda do brasileiro chamem a atenção dos investidores.
“Há muitos setores da economia brasileira mal representados na bolsa”, diz Will Landers, gestor do fundo Blackrock, que tem cerca de 7 bilhões de dólares investidos na Bovespa.
E como o setor saúde está aproveitando esta fase ?
Em dezembro, a Hypermarcas comprou a farmacêutica Mantecorp por 2,5 bilhõs de reais e usou suas ações como moeda de troca. Os acionistas do Laboratório Aché decidiram que está na hora de abrir o capital para ter a mesma flexibilidade. “Eu não tenho essa ferramenta, e uma empresa aberta tem”, diz José Ricardo Mendes, presidente do Aché. “Com a abertura de capital, vamos crescer mais rápido.”O Aché tem uma geração de caixa de 420 milhões de reais e seu IPO tem tudo para ser um dos principais do ano.
A rede de farmácias Droga Raia foi avaliada em aproximadamente 15 vezes sua geração de caixa durante a abertura de capital, no fim de 2010 – 25% menos que a rival Drogasil, que já tinha capital aberto. A emissão de ações foi um sucesso, e os papéis ainda subiram 8% no dia do IPO.
E a gestora de planos de saúde Qualicorp, comprada em Julho de 2010 por 1,1 bilhão de reais deve tentar sua abertura de capital em 2011.
Qual o papel dos fundos de private equity neste processo ?
Os fundos de private equity compram grandes participações ou o controle de empresas para revendê-las por um preço maior. O brasileiro Tarpon, que tem 25% da Arezzo, foi o primeiro da fila. O Advent deve tentar novamente abrir o capital da IMC, empresa que administra as redes de restaurants Viena e Frango Assado, desde 2009. O Gávea, de Luis e Armínio Fraga, pretende levar três de suas empresas à bolsa – Time for Fun, Azul e a operação Latino-Americana do Mcdonald’s, que emitirá ações na bolsa de Nova York. Finalmente, o Carlyle pretende abrir o capital da CVC e, a depender das condições do Mercado, da Qualicorp.
Fonte: Revista Exame, Edição 985, Ano 45, Nº2
Atenciosamente,
Equipe EmpreenderSaúde