faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

"Como manter o bem-estar diante do envelhecimento?": Desafio de Design Mayo Clinic – IDEO

Quando da realização da sua Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, em 2002, a ONU preparou um report sobre o cenário demográfico mundial. Nele, aspectos dessa realidade populacional contemporânea eram explicados, como a inexistência de precedentes históricos de tal contingente de idosos no mundo;

a generalidade do fenômeno – todos os países o enfrentam, em algum grau; a inexorabilidade – jamais teremos as populações jovens que tínhamos no passado; e o alto potencial de transformação da vida humana que é gerado. Diante desta ruptura, não necessariamente catastrófica, mas que certamente exige adaptações, tem total pertinência a pergunta lançada no desafio proposto pela entidade médica norte-americana Mayo Clinic em parceria com a consultoria de inovação e design IDEO: como ajudar as pessoas a manter o bem-estar e seguir vivendo suas vidas da forma como desejam durante o processo de envelhecimento? Através da plataforma de inovação aberta OpenIDEO, qualquer visitante do site podia propor formas de abordar a questão, em seus diversos desdobramentos (saúde, aposentadoria, oferta de cuidado, atividade física, habitação, relacionamentos, etc). Ao fim do desafio, seis dos 133 conceitos inicialmente sugeridos foram selecionados pelo público por meio de votação. E são esses que agora apresento:

 

1. ElderIDEO – Usando o design participativo com os próprios idosos

Essa ideia nasceu assim que o desafio foi lançado, a partir do comentário deixado por um visitante do site. Avaliando as propostas que surgiam, a pessoa disse: “a voz (‘nós’ e ‘eles’) e a perspectiva do pitch assumem que quem se envolverá no desafio não é idoso e que são os jovens que trarão as soluções”. A partir disso, ocorreu à propositora desta ideia vencedora, Sylvia Stein, levar a metodologia do design thinking aos próprios interessados. Sessões de criação embasados na metodologia design thinking serão realizadas em locais frequentados por idosos, como centros-dia e centros comunitários, de modo que eles possam participar, dar suas opiniões, sugerir encaminhamentos, etc. Afinal, quem melhor que os próprios idosos pode dizer das suas necessidades, e de como o design poderia ajudar a resolvê-las?

2. Wellness lounges temporários

Essa ideia vai ao encontro de um fato óbvio: a necessidade de espaços de socialização pensados para idosos. A inspiração veio da notícia que idosos chineses se reúnem em lojas da IKEA porque há nelas espaços confortáveis disponíveis, e a empresa não impede que eles se reúnam por lá. A ideia propõe então a instalação temporária de lounges em áreas estratégicas (ou seja, que possam ser frequentadas por idosos), nas quais estarão presentes wellness coaches, isto é, pessoas treinadas a responder questões básicas de saúde e dar informações gerais sobre conteúdos de interesse aos idosos. As pessoas podem ir lá para participar das atividades com conteúdo (palestras e debates) ou simplesmente para socializar.

foto post 3

3. Ferramenta para tomada de decisão coletiva

Diante de uma situação de saúde delicada, a tomada de decisões importantes é fundamental, e pode ocorrer desde o primeiro momento – na escolha do tratamento a adotar, por exemplo. Em tal situação, é bastante favorável que paciente, seus filhos adultos e a equipe médica pensem e ajam em conjunto. Para gerar isto, esta ferramenta propõe uma série de prompts. Um prompt pode ser uma lista de perguntas com as quais se orientar para tomar decisões, a sugestão de uma atividade rápida que objetiva o aprendizado de um novo comportamento ou ainda uma simples e importante injeção de ânimo. O paciente receberia os cartões (onde estariam escritos os prompts) da equipe médica e os usaria como um guia nas idas ao consultório e como recurso para criar estratégias de resiliência diante da enfermidade. Os filhos usariam a ferramenta junto com os pais, de modo a se manterem a par do curso dos eventos. A ferramenta foi pensada para incluir vários tipos de prompts – alguns para serem usados apenas pelo paciente (atividade reflexiva), com a equipe médica (ferramenta de conversação), ou com familiares (suporte e ação). O paciente pode escolher quais destes se adequam melhor a suas necessidades.

 4. Aplicativo “The Sandwich Game”

Esse é um app que dialoga com uma situação cada vez mais comum: a existência de adultos que têm de oferecer cuidados aos seus filhos e aos seus pais a um só tempo. Por estarem “espremidos” entre duas gerações, e ocupando a condição de provedores (ainda que não necessariamente dos mesmos recursos) a ambas, são chamados de “pais-sanduíche”. Nesse cenário de forte conotação intergeracional, o aplicativo, que opera por cidade, encoraja os usuários a trocarem experiências e compartilhar atividades para fazer o cotidiano de cuidados mais motivante, saudável e divertido.

5. Kit-cuidador

A necessidade de oferecer cuidados a um idoso aparece, na maioria das vezes, sem que se esteja preparado para fazê-lo. E as circunstâncias – mais ou menos favoráveis – acabam, com frequência, facilitando o adoecimento do próprio cuidador. De acordo a instituição Family Caregiver Alliance, ”mais de um terço dos cuidadores provê cuidado intenso e continuado enquanto sofrem, eles mesmos, as consequências de uma má saúde”. O “kit-cuidador” ajuda os que estão ocupando essa função ao oferecer recursos variados sobre aspectos legais, financeiros, emocionais relativos ao cuidado, grupos de ajuda mútua online, entre outros itens para tornar mais leve a rotina de ser um cuidador.

 6. Wellness Coaches

Essa ideia quer somar o conhecimento de causa do idoso sobre aquilo que realmente lhe importa na oferta de um serviço com o frescor da motivação dos estudantes da área de saúde. Os wellness coaches agirão sempre em dupla (um idoso voluntário e um estudante da área de saúde), fazendo visitas e acompanhando consultas de pacientes idosos. Com isso, objetiva-se dar um suporte peer-to-peer ao idoso em tratamento e sensibilizar os estudantes (e a própria equipe médica) quanto às necessidades dos pacientes mais velhos.

Os projetos vencedores agora encontram-se em fase de concretização. O desdobramento do desafio, além, obviamente, das boas ideias geradas, é a sensibilização da opinião pública para as particularidades do cenário impostos pelo envelhecimento populacional. Sem ficar no discurso com frequência pouco atrativo de alertar para o potencial catastrófico de não nos adequarmos a este quadro demográfico, o desafio gerou a empatia entre diferentes gerações através da mobilização da inteligência coletiva. Uma forma criativa e interessante de criar solidariedade intergeracional. É possível acompanhar o desenvolvimento dos projetos aqui Fiquem de olho!

TAG: Geral