Ao contrário das tantas maternidades e pediatrias sendo fechadas, o Hospital Samaritano desafia tendência e abre um Centro de Especialidades Pediátricas (CEP), apostando em um nicho cada vez mais escasso no País, motivado não por falta de demanda, mas pela baixa remuneração desse tipo de serviço.
Isso acontece pelo perfil de baixa complexidade da maioria dos atendimentos infantis e preferência dos profissionais por outras especialidades que remuneram melhor. Atento a isso, o Samaritano resolveu investir justamente nos casos pediátricos de alta complexidade, que requerem um especialista, e não se enquadram nesse quadro pouco rentável.
A equipe de 20 especialistas é o grande diferencial da unidade de consultórios, localizada em frente ao prédio do Hospital, no bairro de Higienópolis. O coordenador do centro, Francisco Lembo Neto, ressalta a presença de experts em obesidade e diabetes juvenil, entre outras áreas de especialidade como: imunologia, cardiologia, neurologia, infectologia, gastroenterologia, oncologia, neurocirurgia, cirurgia cirurgia infantil, etc.
Há 30 anos com forte atendimento infantil, o Samaritano já era referência em transplante renal e de medula, “com isso surgiu a ideia de contemplar a população de São Paulo com outras especialidades”, contou Lembo Neto, lembrando que as crianças que possuem problemas graves enfrentam dificuldades de encontrar atendimento especializado. “Casos complexos precisam ser acompanhados bem de perto. Esta é a função do centro”, disse.
Voltado apenas para atendimento particular, os pacientes do CEP que precisarem da infraestrutura do Hospital Samaritano, seja para exames ou internação, assim poderão acionar o plano de saúde.
A escassez de serviços de pediatria é ainda mais grave no SUS. O médico-coordenador conta que o Samaritano treina cerca de 26 hospitais públicos, por meio de parceria com o Ministério da Saúde, em áreas como UTI pediátrica, nonatal, além de processos de gestão. Apenas os casos de transplante renal é que o Samaritano realiza o procedimento via SUS, também por contrapartida com o Ministério.
Com pouco mais de um mês de funcionamento, Lembo já está preocupando se vai suportar a demanda por consultas, “está grande, mesmo sem divulgação”.