Na última segunda-feira, dia 2 de junho, a Apple anunciou o lançamento o HealthKit, uma plataforma para desenvolvedores de mHealth, e o Health, um aplicativo de saúde integrado ao iOS 8 que promete monitorar alguns dados de saúde do usuário. A própria Apple chama o dispositivo de ''revolução da saúde''. Os profissionais da área também parecem empolgados com o produto, principalmente pelo fato do feito ser realizado por uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.
No entanto, uma startup australiana parece não estar feliz com a novidade. Compartilhando o nome do produto da Apple, a HealthKit é uma plataforma que tem como objetivo o compartilhamento de informações entre médicos e pacientes. O produto é utilizado em vários países de língua inglesa, incluindo os Estados Unidos. A empresa australiana mostrou sua indignação, via Twitter, dizendo que está irritada com o uso do nome pela companhia americana. Antes do lançamento do produto pela Apple, a plataforma de mHealth era chamada de HealthBook, mas acredita-se que o nome do tenha sido mudado no último minuto por causa do vazamento de informações. A Apple ainda não se manifestou sobre o assunto.
O Health tem como objetivo juntar diversos aplicativos de saúde, para assim controlar as informações de saúde do usuário, como batimentos cardíacos, queima de calorias, açúcar no sangue, medicações tomadas, sono, exames laboratoriais e colesterol. O aplicativo de mHealth ainda permite que o cliente crie uma página para caso de emergência, com dados pertinentes como tipo sanguíneo, alergias, fármacos usados e outros dados médicos, como telefones importantes.
O HealthKit, por sua vez, é uma ajuda para que programadores de mHealth possam construir aplicativos baseados nos dados coletados pela plataforma. Tendo acesso às informações dos usuários com maior facilidade, os cálculos dos dispositivos deverão ser mais precisos.
Aaron Rowe, diretor de pesquisas da Integrated Plasmonics, disse à RockHealth: ''O HealthKit é realmente excitante. Colocar todas essas informações em um só lugar, em um aplicativo lindo que irá alcançar muitas pessoas, pode fazer maravilhas à saúde pública''. Porém, o especialista apresenta reclamações sobre a métrica usada pelo programa, apontando por exemplo que a medição de glicose do aplicativo de mHealth é feita em mL/dL, e não em mg/dL, a unidade correta para esse tipo de dado. ''Isso me choca, já que não é normal a Apple cometer esses erros, sendo que ela é conhecida pela sua intensa atenção aos detalhes''.
Ainda sobre o erro métrico da Apple, a Dra. Molly Maloof, uma clinica geral focada em otimização da saúde, disse ao VentureBeat: "Eu me pergunto quantos dos médicos que estão trabalhando com esses desenvolvedores realmente estão na prática da medicina. No final do dia, o que quer que eles tenham criado precisa ser feito para funcionar tanto no mundo do consumidor, quanto no mundo clínico''. Ela completa sobre a importância de especialistas na criação de dispositivos de mHealth: “Eu pessoalmente acho que eles deveriam ter um time inteiro de pesquisadores clínicos e médicos em suas equipes, ao invés de somente especialistas em dispositivos, pois o que eles precisam é de validação clínica para que a ferramenta seja útil''.
O editor chefe da MobiHealthNews, Brian Dolan elogia o grande leque de possibilidades que a Apple apresentou. ''O aplicativo Health inclui campos para uma variedade de dados de saúde incluindo coisas menos comuns como 'número de quedas', uso de inaladores, índice de perfusão e mais'', disse ele.
Apontando outra preocupação sobre o dispositivo de mHealth, está o editor do Mashable, Lance Ulanoff. ''Assim que você começa a falar sobre coletar dados de saúde, a mente diretamente pensa em privacidade'', disse ele. Ulanoff completa: ''Mesmo que eles escolham construir um HealthKit em seus aplicativos, o usuário final ainda precisará dar permissão para usar suas informações e coletar novos dados de saúde em seu nome''.
Mesmo com algumas ressalvas, grande parte dos médicos e especialistas estão otimistas com o novo aplicativo de mHealth. ''Como médico, estou excitado, pois integrações assim ajudam mais pacientes a medir sua glicose, carboidratos, peso e passos, então é uma coisa ótima'', disse o Dr. Nate Gross, co-fundador da RockHealth, startup de saúde.