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Por que é tão difícil inovar na medicina?

Um dos mantras mais conhecidos aqui do vale do silício é Fail Fast, o que significa “Fracasse Rapidamente”. A ideia não é almejar o fracasso, mas sim cultivar a resiliência e adaptar-se o mais rápido possível aprendendo com os erros. Só assim é possível inovar.

Erros? Quando o assunto é saúde, essa palavra é quase um palavrão. O que costumamos chamar de “erro médico” está mais associado a práticas criminosas do que algo que faz parte da vida de qualquer profissional. Na fantasia das pessoas, médico não erra, e quando erra é culpado.

Acontece que hoje estamos vivendo a era da revolução tecnológica e por medo de errar a medicina tem ficado para trás.

Não é de hoje que a medicina resiste as mudanças tecnológicas. O jornal London Times escreveu o seguinte, em 1834, sobre um equipamento que propunha inovar a prática médica: “Isso nunca vai ser de uso geral, uma vez que o seu valor é extremamente discutível... ele distancia o contato entre o médico e o paciente, sendo um corpo estranho que se impõe no meio dessa relação e que contradiz os hábitos e procedimentos comprovados”. A inovação em questão era o estetoscópio.

Hoje, mais de 180 anos depois, ainda estamos presos a essa tecnologia e a maioria se recusa a mudar. Será que toda a inovação tecnológica não foi capaz de inventar algo melhor e mais preciso do que um médico recém-formado tentando auscultar a sopros cardíacos no pronto socorro? Hoje já existem aplicativos para celular capazes de fazer um eletrocardiograma simples. Porque resistimos tanto em incorporar esse tipo de tecnologia na prática médica?

Outro dia eu estava conversando com um amigo médico sobre inovações tecnológicas e ele me disse que a tecnologia consertava alguns problemas antigos, mas criava outros novos. Ainda que isso possa ser verdade não é justificativa para nos apegarmos aos problemas antigos e nos recusarmos a entender como a inovação pode melhorar o acesso a saúde.

É claro que quando falamos de medicina e saúde, precisamos ter cautela. Precisamos também de um ambiente seguro de testes. Antes de implementarmos qualquer mudança são necessários estudos randomizados, duplo cego, como manda o figurino da boa medicina baseada em evidências. Mas precisamos também de vontade de mudar e disposição para aprender novas tecnologias que irão beneficiar nossos pacientes. Mas para isso, precisamos abandonar nossas medos e nossos preconceitos.

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