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O Brasil e o novo modelo de gestão hospitalar

Matéria publicada pela Central dos Hospitais MG/Fazito Comunicação, onde Glauco Michelotti fala sobre novas necessidades e realidades do setor hospitalar no momento de instabilidade financeira.

“Construindo um hospital referência: projeto de reestruturação operacional e financeira”. Foi com esse tema que o presidente do Hospital Lifecenter, Glauco Michelotti, falou para uma plateia atenta durante mais de uma hora. A partir de sua experiência, Michelotti apontou modelos e procedimentos que possibilitam o desenvolvimento sustentável para os hospitais, nesse momento de crise econômica. Há quatro anos a instituição presidida por ele passou por uma reforma estrutural e o resultado foi extremamente positivo.

Inaugurado em outubro de 2002, o Lifecenter foi criado com as propostas de ser um hospital referência e trazer um serviço diferenciado para a cidade. Com grandes investimentos em equipamento e hotelaria, ele enfrentou dificuldades para sua sustentabilidade econômica. Em 2013, a gestão do hospital buscou, então, uma nova estrutura administrativa, contando com um grupo de conselheiros externos, com comitês internos, gestão executiva e a adoção da governança corporativa.

Como se sabe, a governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre os sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. A absorção dos princípios da governança corporativa foi um grande diferencial para a administração da instituição. Ela possibilitou a criação de um novo modelo de gestão.

Metas - A partir dessas medidas, foram traçadas metas claras para o novo modelo de gestão com planejamento a longo prazo, agilidade no curto prazo para controle de custos, infraestrutura e receita. Glauco Michelotti levanta questões importantes, como criar para desenvolver liquidez administrativa compatível com as propostas do estabelecimento hospitalar: “Você tem uma estrutura financeira que dê sustentabilidade para isso? Existe uma cultura corporativa de gestão para você conseguir suportar essa qualidade ao paciente e ao acolhimento aos seus familiares?”, questiona ele.

Outros aspectos foram as inclusões de indicadores financeiros, parcerias com clientes estratégicos, o investimento na relação de confiança entre clientes e fornecedores, além da transparência e valorização com o corpo clínico: “O nosso maior patrimônio pega elevador todos os dias”, analisa Michelotti. E revela: “Trabalhar em hospital nos deixa humildes. É vocacional.”

O presidente do Lifecenter aponta também questões imprescindíveis para a construção de uma gestão arrojada e eficiente: “A grande preocupação é a atenção ao paciente e seu familiar. Isso tem que ser a base de tudo. E tem que ser por onde começam todas as conversas. O que não é simples.” Conforme ele, a realidade atual demanda também novos investimentos, mas o cuidado com os pacientes é prioridade absoluta. “A tecnologia hoje tem ajudado muito no cuidado clínico, mas tem a questão do acolhimento que a tecnologia já não ajuda tanto; essas duas são o ponto que tem que melhorar sempre.” Para ele, a gestão gerencial e os cuidados com o paciente e seus familiares são a base para a condução de qualquer instituição hospitalar. “É necessário ter primeiro o cuidado clínico, o cuidado de acolhimento e a responsabilidade gerencial de criar um ambiente econômico e financeiro que sirva de suporte a tudo isso.” E aponta: “A mudança no modelo de gestão dos hospitais já chegou no Brasil. Um exemplo disso são os serviços de saúde atraírem executivos de outras indústrias. Eles têm trazido novidades em tecnologias, mentalidades, etc. Essa mudança veio para ficar”.