Começou hoje, 21 de setembro, o HIS - Healthcare Innovation Show, evento voltado para saúde e inovação, no São Paulo Expo, na capital paulista, e que oferece até amanhã, 22, mais de 50 horas de conteúdo sobre os mais variados aspectos da inovação, tecnologia, empreendedorismo, negócios e finanças aplicadas à saúde. Veja as temáticas de destaque do Congresso no período da manhã neste primeiro dia de evento:
Saúde da mulher
O crescimento das Femtechs, modelos de negócios focados na saúde e no bem-estar da mulher, foi tema da palestra feita por Lettycia Vidal, CEO da Gestar. A proposta é relativamente nova, mas vem ganhando espaço no mercado. Essas empresas buscam oferecer assistência e atendimento voltado ao universo feminino, como saúde sexual, fertilização, tratamento para menopausa, acompanhamento ginecológico, entre outros.
Ser uma startup voltada para mulher não significa que essas iniciativas sejam gerenciadas por pessoas do sexo feminino. De acordo com Lettycia Vidal, CEO da Gestar, apenas 4,7% das Femtechs são formadas por mulheres e somente 3% do investimento em digital health são destinados para esse modelo de negócio. A CEO destaca que é preciso incentivar e apoiar a inserção feminina no mercado de startups. “Mesmo sendo 50% da população, ainda somos minoria nos cargos de liderança. Fica aqui o questionamento e a reflexão: como podemos agregar mais mulheres ao mercado das startups?”, finalizou.
Práticas de ESG
Ainda na parte da manhã do primeiro dia de HIS, uma das cinco arenas de conteúdo simultâneo voltou-se ao conceito ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) e suas vantagens competitivas para o setor de saúde.
Entre os participantes do painel, um dos consensos foi a importância de existir uma legitimidade por parte da empresa com as causas que envolvem o ESG, pensando em uma visão de longo prazo e não apenas em sanar preocupações imediatas do mercado consumidor. Outro ponto de concordância foi a necessidade do engajamento dos colaboradores em ações simples, que podem ter um grande impacto positivo.
O CEO da Allcare - empresa administradora de benefícios -, Farias Pereira de Sousa, comentou que as práticas de ESG já faziam parte da essência da empresa desde a fundação. "Nós tratamos com muita naturalidade a adoção de práticas ESG na empresa e partimos do princípio que a transformação real começa dentro de casa, com o engajamento dos colaboradores em iniciativas sustentáveis”, disse.
Ele pontuou que algumas ações simples foram capazes de gerar bons resultados, como por exemplo, o projeto boleto sustentável, que incentiva os clientes da empresa a adotar o boleto digital para diminuir o uso de papel com a contrapartida do compromisso da Allcare do plantio de árvores. “Uma iniciativa que teve uma adesão de 70% dos clientes”, destacou o executivo.
O diretor geral do Hospital 9 de Julho, Bruno Alves Pinto, afirmou que o primeiro passo para avançar com práticas ESG dentro de uma companhia é fazer um “diagnóstico situacional” nas três esferas que englobam a sigla (ambiental, social e de governança) e seguir com a implantação de ações simples que geram um resultado rápido. “Muitas vezes pequenas ações têm o poder de criar uma onda de transformação no ambiente e engajar os colaboradores”, disse Pinto.
Quem também participou da conversa sobre ESG foi o presidente do Conselho de Administração do Grupo Fleury, Márcio Mendes, que elencou duas decisões do grupo responsáveis por alavancar a ambição de assumir uma melhor posição neste contexto de ESG nos últimos dois anos. A primeira foi conectar as iniciativas de ESG com as estratégias de longo prazo da empresa e a outra foi a criação de um Comitê ESG, com a participação de pessoas externas, que atua como um ‘agente provocador’ na indicação de boas práticas e benchmarking de outros países.
Como exemplo de implantação de práticas ESG, Mendes citou a parceria com a ONG Gerando Falcões para levar serviços de saúde às comunidades que integram o Projeto Favela 3D na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP). A iniciativa é realizada por consultas feitas em uma cabine de telemedicina, onde os moradores da favela com necessidades de saúde passam por triagem e teleconsulta, tendo atendimento de equipe de profissionais do Grupo Fleury – composta por médicos que atuam à distância e técnicos de enfermagem no local.
Evolução da saúde digital
No painel “Cultura, Recursos, Tecnologia: a estrutura do sistema de saúde permite inovações?”, do HIS - Healthcare Innovation Show foram debatidas as principais inovações para a saúde e os desafios a serem superados nesse setor. De acordo com os painelistas, uma das principais preocupações ao implantar um projeto tecnológico para o segmento é não atrasar o fluxo de atendimento dos pacientes.
As tecnologias para a área da saúde evoluíram de forma exponencial nas últimas décadas, porém, para os palestrantes, a digitalização ainda não acompanhou esse crescimento. “A saúde é pura inovação, mas o processo de digitalização ainda é lento. A chave do sucesso para o segmento é investir em softwares que facilitem a rotina de atendimento e gestão”, explica Thiago Julio, diretor médico da Memed.
O CIO da Oncoclínicas, Ricardo Santoro, destacou os principais processos mais usados atualmente, como o sistema cloud. “Quem ainda não aderiu ao cloud está atrasado perante o mercado. É um sistema integrativo muito bom, que facilita a gestão, pois envolve compras, cadastro de fornecedor, clareza nas informações, entre outros”.
Os painelistas concordam que a pandemia da Covid-19 impulsionou o sistema de saúde digital e acreditam que o recém chegado 5G também terá seu papel de relevância no setor, ampliando cada vez mais o acesso e favorecendo o desenvolvimento e a adesão a novas tecnologias para a saúde.
Segundo dia - condições especiais
Em sua 8ª edição, o HIS apresentará mais de 50 horas de conteúdo sobre os mais variados aspectos da inovação, tecnologia, empreendedorismo, negócios e finanças aplicadas à saúde. Para debater esses assuntos, o HIS contará com a participação de 200 palestrantes do Brasil e do exterior, entre profissionais de saúde, gestores, executivos e acadêmicos.
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