Médicos e funcionários do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) anunciaram a realização de um ato público na terça-feira (26) contra a transferência de gestão da entidade para a Secretaria Estadual de Saúde. A mudança na administração, hoje sob responsabilidade direta da própria universidade, foi uma possibilidade levantada pelo reitor Marco Antônio Zago para economizar recursos diante da crise pela qual passa a instituição de ensino.
A ação deve ocorrer em frente à reitoria da universidade no mesmo dia em que o Conselho Universitário se reúne para discutir a proposta.
Em comunicado, o médico do HU e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) diz que os gastos do hospital não sofreram variação nos últimos anos, tanto na folha salarial como no custeio e manutenção, e que a estrutura serve à finalidade fim da USP, ou seja, forma recursos humanos e atende à população com qualidade.
Dos R$ 5 bilhões do orçamento da universidade para 2014, cerca de 395 milhões, ou quase 8%, são os repasses previstos para o HU. Com a transferência da administração, os funcionários da USP seriam substituídos por mão de obra da pasta estadual.
Para o diretor do Simesp, a transferência de gestão modificará o trabalho do hospital, uma vez que a secretaria de saúde do estado precisa se preocupar muito mais com a assistência do que com a formação, e que a participação da universidade é fundamental. Além disso, acusa o reitor de impor a desvinculação que precisa passar pela aprovação do governador Geraldo Alckmin sem debate com a comunidade do hospital e da universidade.
Cerca de 2.500 estudantes passam pela unidade hospitalar por ano, entre alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição, odontologia, psicologia e saúde pública.
Uma reunião para debater o assunto deve ocorrer entre os membros do conselho deliberativo do Hospital Universitário da USP na próxima sexta-feira (29).
Poucas mudanças
Marco Antônio Zago, médico e reitor da USP, declarou ao jornal Folha de S. Paulo que a transferência não inviabiliza parcerias para que os estágios e atividades dos estudantes continuem sendo feitas no HU. Segundo ele, não haverá perda na formação dos alunos, um princípio inegociável.
Os alunos podem, inclusive, ganhar com a transferência, defende o reitor, pois passariam a atuar em um hospital integrado ao sistema público, e cita o Hospital das Clínicas como exemplo. O HC é integrado ao sistema estadual de saúde e oferece residência médica.
Ainda segundo o reitor, com a crise financeira enfrentada pela universidade paulista - segundo a reitoria, 105% do orçamento está comprometido com a folha salarial, e uma greve de funcionários e professores já dura quase 90 dias -, a falta de novos investimentos no hospital pode afetar o serviço prestado à população.
* com informações do jornal Folha de S. Paulo