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Remuneração e experiência em VBHC

Em 20 anos, o Brasil terá mais idosos do que crianças. Com o envelhecimento populacional, mais e mais pessoas terão suas vidas impactadas por doenças crônicas. Aumentar o valor entregue no cuidado e melhorar os resultados assistenciais, ao passo que se reduz o custo é extremamente necessário. Conversamos com Luiz Paulo Tostes Coimbra, Presidente da Unimed Volta Redonda sobre como se encontram as iniciativas de ​Value Based Healthcare, VBCH, no sistema.​

Ele diz que a questão de remuneração considerando valor, é algo complexo, mas que pode ser dividido em dois grandes grupos de ação: o primeiro é a remuneração dos serviços, por exemplo, o que está incluso na diária ou taxas que são cobradas, e o segundo é a remuneração do médico. A ideia é pagar de acordo com a saúde do usuário, ou seja atrelar a remuneração do profissional ao desfecho da assistência prestada. Hoje, no fee for service, se paga pela quantidade de procedimentos realizada, independente da qualidade ou satisfação encontrada pelo paciente.

“A grande dificuldade é que nós não sabemos ao certo como medir. Estamos construindo uma maneira em torno do DRG [metodologia que leva em consideração uma média de riscos e consumos de acordo com um grupo de doenças para a remuneração]. Ele será usado em todas as situações aplicáveis dentro da rede própria”. Já implantado no pronto atendimento do hospital, existe uma estrutura de remuneração variável para o médico de 20%, segundo alguns indicadores de qualidade. A ideia é observar as experiências em andamento de outros hospitais e operadoras do sistema Unimed, para atrelar essa remuneração variável ao DRG. Há previsão para que isso esteja completamente implantado no início de 2020.

Existe uma discussão bastante grande em relação ao VBHC estar adaptada ao cuidado crônico ou na atenção terciária, muito por se acreditar que nestes casos existem métricas mais claras de resultado na performance clínica. Porém, valor está intimamente relacionado ao que se entrega ao paciente em termos de experiência e saúde, o que se encaixa bastante em Atenção Primária à Saúde, um conceito que é um dos pontos principais da Unimed.

“Acredito que devemos ter o paciente como alvo principal do resultado, não o médico ou a instituição, em qualquer iniciativa de diagnóstico e terapia. Agora, se o que vem inserido é a atenção primária, um programa de atenção à saúde do idoso, ou diabetes… São complementos. Muitas vezes se coloca a atenção primária como solução única para o problema universal da saúde das pessoas, mas não é. É uma ferramenta, uma metodologia voltada para a orientação, prevenção. Não é uma solução mágica. Acho que a atenção primária, voltada à formação médica, é um caminho.”, diz Luiz.

Segundo o executivo, a experiência do cliente, um dos pilares da saúde baseada em valor, sempre foi uma questão muito clara. Há 10 anos, a instituição já estava preocupada com isso, quando foi iniciada uma avaliação interna com a questão: O que é valor para as pessoas envolvidas no nosso negócio? O intuito da pesquisa foi entender em profundidade os funcionários, fornecedores e clientes.

“Eu tenho clientes, que tem planos pela empresa, que nunca interagiram conosco. Existe um outro grupo que participa dos nossos programas. Então hierarquizamos os pacientes em seis grupos para tentar entender o que era valor para cada um e aí construímos o conceito da palavra cuidado e o nosso compromisso público, que é o jeito Unimed de cuidar.”

Focar no que importa para os pacientes é um dos principais diferenciais do sistema baseado em valor. Luiz comenta que eles estão construindo um grupo de trabalho fixo para avaliar a experiência do cliente e ações decorrentes desses insights. Medir desfechos ainda é difícil, e estar com o paciente em vários pontos de contato, é fundamental. ”Precisamos construir essa medida com mais eficiência para sermos mais assertivos!”, disse ele.

Para finalizar, ele entende que o uso de tecnologia é chave para acelerar a transição em relação aos modelos de remuneração. “Nós já sabemos que pergunta fazer, o que importa agora é usar AI e big data para processar esses dados e fazer a medida de desfecho”. A saúde baseada em valor já está transformando a infraestrutura tradicional e redefinindo os modelos tradicionais de cuidado. Logo não será mais sobre quantos procedimentos foram feitos, ou quanto é a margem de cada componente. Mas sim sobre qualidade no cuidado e como isso afetará o resultado da experiência dos pacientes, tornando o sistema mais sustentável.