Tomar uma decisão estratégica pode ser difícil, mas, com certeza, colocá-la em prática toma muito mais esforço e dedicação. Decisões e ações estratégicas demandam uma significativa alocação de recursos, com importante impacto no longo prazo e difícil reversão e, por isso, devem ser muito bem planejadas pelas empresas e precisam de uma análise completa anteriormente.
O professor da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), Marcelo Pedroso, em intercâmbio de ideias com participantes do Saúde Business Forum, discutiu a coerência estratégica das empresas e os desafios a serem enfrentados.
Para José Luis Lira, Diretor Corporativo do Núcleo de Gestão de Pessoas do Hospital das Clínicas da FMUSP, “o grande problema da gestão estratégica é colocar em prática”. Ela vê cada vez menos empresas colocarem um programa de cinco ou dez anos e tem utilizado uma estratégia de três anos, mas, mesmo assim, com muitas mudanças durante o processo. Se não houver uma metodologia clara para a adoção de uma estratégia, muitas empresas podem se perder no caminho.
Dentre todos os pontos de uma gestão estratégica, o tópico mais importante é “Por que existimos?”. Para o professor Marcelo, entender a existência da empresa de forma estruturada é imprescindível para a realização de uma boa estratégia, sendo que a pergunta pode inclusive ser “E se nós não existíssemos, o mundo sentiria falta?”.
Com essa visão, diferentes estratégias podem ser adotadas e a priorização de determinado serviço ou produto sobre outro se torna mais clara para todos da empresa.
Em situações econômicas normais, a tomada de decisões estratégicas já é bastante complexa. Mas, em momentos críticos como o atual do Brasil, o estudo das possibilidades e a correta atuação das instituições podem ser decisivos para o sucesso das mesmas.
Segundo Marcelo, onze questões devem ser decididas para a definição da estratégia organizacional e elas estão divididas em quatro grupos: o propósito organizacional, a estratégia explícita e a estratégia implícita.
O propósito organizacional é o mais definitivo, que engloba missão, visão e valores, ou seja, uma declaração sobre o que a empresa é, quem ela quer ser e que valores são importantes para a organização e para as pessoas que ali estão.
Já a estratégia explícita, para Marcelo, tem que ser compartilhada, comunicada e entendida entre os profissionais colaboradores. Ela envolve cinco Q’s e responde perguntas sobre o setor de atuação, a proposta de valor, os diferenciais e as capacidades organizacionais que permitem a atuação proposta.
O último grupo, da estratégia implícita, está relacionado ao caminho tomado para atingir a visão, obter resultados financeiros positivos e garantir sustentabilidade.
Janete Vaz, do Laboratório Sabin, e Denise Santos ainda comentaram a importância da instituição de saúde se posicionar como um local de educação continuada para seus funcionários. Para elas, as empresas tem que lidar com problemas educacionais que vêm da base e prejudicam a realização plena do trabalho por parte da equipe. “É preciso oferecer educação para os funcionários - e dentro do horário de trabalho - como parte da estratégia firmada pela empresa.”
Pedroso trouxe ainda um gráfico da Harvard Business School de realização de estratégia, mostrando, quando não ela é totalmente realizada, onde foi perdida: