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PEP é alternativa para ineficiência do sistema brasileiro

A adoção de prontuários eletrônicos e de padrões de interoperabilidade se dá em diferentes níveis de maturação pelo mundo. No caso do Brasil , o País está bem atrás de países como Estados Unidos e Reino Unido.  Esse é um dos pontos de destaques  do estudo "Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e os benefícios para o avanço da saúde",  do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Por aqui, a iniciativa que mais se aproxima da implementação de um registro eletrônico nacional para os usuários do sistema de saúde público é a criação do Cartão Nacional de Saúde, regulamentado pelo Ministério da Saúde em 2011 com a portaria nº 940/2011. Dados da "Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Estabelecimentos de Saúde no Brasil - TIC Saúde",  mostram que as informações clínicas mais disponíveis para consulta eletrônica são o histórico de anotações clínicas sobre o atendimento (42%), alergias do paciente (36%), anotações de enfermagem (26%), sinais vitais do paciente (26%) e dados sobre vacinas (21%).

Ainda segundo a pesquisa do TIC, as informações mais disponíveis e consultadas eletronicamente nos estabelecimentos que possuem acesso à internet nos últimos 12 meses foram registros de dados administrativos (83%), resultados de exames laboratoriais (60%) e admissão, transferência e alta dos pacientes (52%).

Os Estados Unidos e a Inglaterra já estão mais avançados no processo e tiveram diferentes tipos de implementação do PEP. No caso dos EUA, houve uma adoção descentralizada, com maior autonomia das empresas e dos estados, sendo caracterizado por um incentivo do governo americano, mas com liberdade de escolha e alguns padrões de funcionamento.

Já o Reino Unido adotou um processo de decisão top-down, no qual o National Health Service estabeleceu o  padrão e, assim, um único sistema, o Spine, para cobrir  a oferta de infraestrutura nacional que apoia a interoperabilidade dos softwares utilizados pelos estabelecimentos de saúde.

“Não tem uma receita de sucesso, mas deve haver, principalmente, algum incentivo do governo”, afirma Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, que acredita que o  governo tem papel fundamental na adoção. “O governo brasileiro já tem controle de boa parte do sistema de saúde brasileiro e poderia criar alguns padrões das informações de saúde que são coletadas, dos formatos dos dados digitais. Assim, o SUS determinaria um uso e poderia incentivar que todo mundo vá para este padrão”.

Para Carneiro, é válida a criação de uma câmara técnica e determinação de uma padronização mínima para que o PEP avance no país. Isso estimularia o crescimento do mercado de prontuário eletrônico e, a partir de uma decisão de padrões a serem utilizados, as organizações estariam mais seguras para o desenvolvimento de um serviço que possa ser utilizado pelos hospitais e clínicas.

Além da padronização de troca de informações, uma discussão sobre confidencialidade e hierarquia de acesso deve ser iniciada. Não se trata somente de tecnologia, mas de quem pode obter informações de cada paciente.

“O médico pode acessar automaticamente? Com uma pessoa desacordada em uma emergência, automaticamente o hospital já tem acesso a todas as informações daquela pessoa? Precisa pedir autorização da família? Essas questões mais operacionais ainda não têm respostas tão óbvias”, comenta o superintendente.

O sistema de saúde tem uma ineficiência muito grande dada a complexidade inerente a ele. A adoção de um sistema permite lidar com esse desafio de forma a gerar maior valor para os usuários. “Quando se adota um sistema como este, há maior domínio desta complexidade, redução de gastos, automatização de atividades e, consequentemente, maior qualidade de cuidado para os pacientes.”, conclui Carneiro.