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Fraturas de osteoporose custam €39 bilhões à Europa por ano

Diante de subdiagnóstico e falta de tratamento, as fraturas causadas por osteoporose custam para os sistemas de saúde na Europa cerca de €39 bilhões por ano. À título de comparação, o custo de doenças coronarianas na União Europeia foi de cerca de €43 bilhões, em valores de 2003.

A osteoporose é uma doença multifatorial, caracterizada pela diminuição da massa óssea e alteração da microarquitetura dos ossos. Com isso, há fragilidade mecânica, predisposição a fraturas e dor. Nesse contexto, qual a importância da menopausa?

Ocorre que, a partir da menopausa, os níveis de estrogênio nas mulheres caem significativamente. Isso leva, entre outros sintomas, a ondas de calor (fogacho), irritabilidade e disfunção menstrual. Além disso, há maior reabsorção óssea, dado o efeito do estrogênio no metabolismo dos ossos. Dessa forma, a menopausa é um dos fatores que predispõem à osteoporose.

Na Dinamarca, entre custos diretos e ligados à perda de produtividade, €1,563 bilhões foram gastos em 2011 com fraturas associadas à osteoporose, sendo €936 milhões apenas com mulheres. Na Alemanha, um estudo chegou a associar cerca de 80% dos gastos diretos só com o sexo feminino. Dessa forma, aliviar o impacto da osteoporose sobre os sistemas de saúde passa obrigatoriamente por mais cuidados com a saúde da mulher.

Epidemia silenciosa

Segundo dados da International Osteoporosis Foundation, 1 em cada 3 mulheres acima de 50 anos irá sofrer com fraturas osteoporóticas. Tal probabilidade é maior que a dos homens, com 1 em cada 5. Em termos absolutos, cerca de 200 milhões de mulheres são afetadas pela doença em todo o mundo, número que só tende a crescer em razão do envelhecimento populacional.

Apesar do conhecimento fisiológico e de epidemiologia atual, infelizmente a osteoporose é em geral subdiagnosticada, mesmo na Europa. No estudo SCOPE (Scorecard For Osteoporosis in Europe, 2013), que avaliou 27 países da região, foi constatado que em boa parte deles a minoria dos pacientes de alto risco – o que inclui mulheres na pós-menopausa – recebeu tratamento de osteoporose, mesmo após uma primeira fratura.

O que pode ser feito?

Tanto a esfera pública como privada podem investir na capacitação de seus profissionais para a prevenção e diagnóstico da osteoporose pós-menopausa. Embora, como já mencionado, trate-se de uma doença silenciosa, existem fatores de risco preditivos e exames complementares capazes de confirmar as suspeitas. Os recursos existem, a questão é empregá-los.

Há espaço também para inovações. Algumas startups possuem projetos pensados para a prevenção e tratamento de doenças musculoesqueléticas, tal como a osteoporose. É o caso da Active Health Tech, startup fundada por dois australianos com experiência no tênis, que concebeu o TrackActive. O software permite prescrever exercícios físicos, dar instruções por meio de imagens para os pacientes e ainda obter feedback de resultados, tudo através da web.

Pensando pelo lado da prevenção, aliar exercícios físicos (em especial os que trabalham com o peso corporal, como caminhada e dança) com dieta rica em cálcio e baixo consumo de álcool/tabaco são atitudes que devem ser estimuladas nas pacientes. Além disso, exposição ao sol, algo de que os europeus fazem muita questão no verão, também é algo que deve ser incentivado, respeitados os cuidados com a pele.

Para este Outubro Rosa, fica a reflexão e o desejo de que nos lembremos do diálogo sobre o câncer de mama, mas também de outros assuntos tão pertinentes – e prevalentes – no que diz respeito à saúde da mulher.

Referências:

International Osteoporosis Foundation

A. Kanis, F. Borgström, J. Compston, K. Dreinhöfer, E. Nolte, L. Jonsson, W. F. Lems, E. V. McCloskey, R. Rizzoli, J. Stenmark (2013) SCOPE: a scorecard for osteoporosis in Europe. Arch Osteoporos 8:144

Gustavsson A, Svensson M, Jacobi F, et al. (2011) Cost of disorders of the brain in Europe 2010. Eur Neuropsychopharmacol 21:718–779

Haussler B, Gothe H, Gol D, Glaeske G, Pientka L, Felsenberg D (2007) Epidemiology, treatment and costs of osteoporosis in Germany—the BoneEVA Study. Osteoporosis Int 18:77-84.

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