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Como engajar meu paciente?

Especialistas apontam possíveis causas e soluções para o baixo engajamento dos pacientes durante o tratamento médico

Embora possa atuar – conscientemente ou não – como agente causador de sua própria patologia, devido a maus hábitos alimentares, sedentarismo entre outros comportamentos de risco, no geral, nenhum cidadão almeja ter sua saúde comprometida. Assim, a descoberta de uma doença leva o indivíduo a se engajar no processo de sua melhora? Em geral, não é o que acontece.

O engajamento do paciente pode ter início nos primeiros sintomas de sua patologia, ao apresentar dores e desconfortos que o fazem buscar ajuda médica. No entanto, o que poderia ser uma jornada de tratamento rumo à recuperação plena, muitas vezes termina após sua primeira consulta.

Comunicação deficiente entre médico e paciente está entre as principais causas da falta de engajamento. De acordo com Elis Forgerini, comercial e marketing da Brasil Senior Living, 50% dos pacientes saem do consultório sem entender as recomendações passadas pelos médicos e 82% não adotam o tratamento. “Em média, apenas duas perguntas são feitas nos consultórios. A gente tem essa relação de poder em que o médico é a figura absoluta e muitas vezes o indivíduo se sente constrangido, volta para casa e vai realizar buscas online”, diz Elis.

Gustavo Comitre, CEO do Dr Cuco, também apresentou dados que corroboram o baixo índice de engajamento dos pacientes. De acordo com Comitre, a cada 100 prescrições emitidas, apenas entre 50 a 70 delas chegam às farmácias.

“O engajamento pode reduzir os custos para todo o sistema de saúde. Por meio da gamification, desenvolvemos uma solução que envolve outras pessoas além do paciente, como familiares e amigos, em seu tratamento. E essa informação pode ser acompanhada pelo médico”, explica ele.

Ferramentas que promovam o engajamento do paciente pelos meios digitais estão entre as fortes tendências do setor. Exemplos incluem a Tá na hora Saúde Digital – empresa que criou uma plataforma que envia mensagens de texto com vistas à adoção de hábitos saudáveis – e Mservices – empresa que fornece serviços de gestão da adesão à prescrição e monitoramento de sinais vitais.

No caso da Minsulin, a solução apresentada aos pacientes diabéticos é um aplicativo interligado a um sistema em nuvem. O app simplifica a vida do paciente por meio da realização dos cálculos trabalhosos que precisavam ser realizados por ele e permite, entre outras funcionalidades, acesso do profissional de saúde aos dados do paciente, em tempo real.

Confiança, respeito e compreensão do contexto do paciente também estão entre os elementos considerados importantes no processo de engajamento. Para Conrado Alvarenga, fundador da LAB Medicina Masculina, a tecnologia é importante, mas o fator humano deve permanecer no centro das iniciativas. "No fim, se tecnologia e humanismo andarem juntos será muito melhor", diz Alvarenga.

No caso do Hospital Santa Catarina, instituição com mais de 100 anos de tradição, os esforços têm sido na busca das melhores práticas que resultem no aumento da confiabilidade. Nesse sentido, o Hospital realiza investimentos em educação e treinamento dos profissionais. “Se eu puder resumir o engajamento do paciente no serviço de saúde eu diria que isso se resume em confiablidade”, conclui Júlio Massoneto, diretor técnico do Hospital Santa Catarina.

*Elaine Martins, especial para o Saúde Business