A recente explosão em startups de saúde se traduz também no exponencial crescimento que as aceleradoras focadas em saúde tiveram entre 2012 e este ano, crescendo de 24 para 115 no mundo inteiro, sendo que 87 destes estão localizados nos Estados Unidos.
Uma das razões desta especialização que estas aceleradoras tomam é devido à característica do mercado. Além da burocracia a mais com os órgãos regulatórios, “é um caminho a trilhar muito mais demorado (nas startups de saúde) do que em outras startups de tecnologia - o tempo que se passa da incorporação até o Série A é muito maior”, conta a Lynne Chou, da Kleiner Perkins Caufield & Byers.
Em termos de investimento, valor entre $10k a $50k, comumente praticado em diversas aceleradoras, não são suficientes para custear o desenvolvimento e validação destas startups de saúde. Por isso, valor entre $100k e $500 já é uma prática comum. Nas aceleradas mais aclamadas, como RockHealth, HealthBox e Aging 2.0, pode ser disponibilizado até 1 milhão de dólares para os melhores da classe.
Os modelos atuais existentes se dividem em 6 - os quais podem se sobrepor
- Modelo Comercial Independente
Pode ser tanto for-profit ou non-profit. Costuma possuir um quadro de empresas e mentores de diversos lugares e não possuem uma preferência a um nicho de mercado específico. Estas aceleradoras devem se atentar para possuir um fluxo de caixa que não dependa tanto das participações nas startups, já que elas podem ser diluídas ao longo do processo.
Aceleradoras como RockHealth, HealthBox, LaunchPad Health e Breakout Labs entram nesta categoria.
- Modelo de Inovação Baseado em Corporações
Em muitos dos casos, é uma estratégia de inovação das empresas e os benefícios incluem acesso às pessoas-chaves dentro da corporação e softwares licenciados gratuitos. As classes, no entanto, são focadas em startups que podem proporcionar algum valor estratégico, mesmo que tênue, à empresa.
Algumas das empresas que adotam este modelo são: Sprint (operadora de celular nos Estados Unidos), Microsoft, Nike e UnitedHealthcare.
- Modelo de Amplificação de Produto ou Modelo
Ainda mais específico que o modelo das corporações, elas procuram dar visibilidade a algum produto ou serviço destas ou trabalhar em algum problema de saúde em específico.
Exemplos incluem a Athena Health, que lançou uma aceleradora focada no use de suas plataformas e Aging 2.0, focado em desenvolvimento de produtos para a terceira idade.
- Modelo de desenvolvimento Econômico.
O intuito final é a criação de uma zona de inovação em qualquer área em uma área geográfica. Um exemplo é dado pela startup 100health em Madison, estado americano de Wisconsin, é que lá existe uma conversa entre os órgãos públicos locais, empresas e o sistema de saúde é necessária. No caso de Madison, a existência do escritório central do Epic ajudou na construção deste ecossistema.
Outros exemplos, apesar de híbridos de órgãos públicos e privados, incluem DreamIt Health, com programas em Baltimore e Philadelphia e o The New York Digital Health Accelerator.
- Programas afiliados às universidades
Com grande variação no serviço oferecido, que podem ir desde um espaço físico a mentoria e assistência completa. Um dos programadas mais prestigiados é o QB3, das UCs - University of California - que além de contar com corpo de mentores, ferramentas e estruturas físicas, jurídicas e de software de ponta, atualmente estuda em duplicar o seu tamanho e permitir que tome possessão de equities das startups.
Um outro exemplo é o CIMIT, criado em associação entre universidades e hospitais em Boston e que possui a missão de proporcionar qualidade no tratamento de modo interdisciplinar especialmente em equipamentos médicos
- Plataformas de Colaboração
Setor emergente nas aceleradoras, ela foca mais no estabelecimento de relação entre grandes empresas e startups do que no ensino e formação de empreendedorismo ou na assistência a assegurar investimentos. Apesar disso, frequentemente assistem no processo de validação e de desenvolvimento de produto.
Alguns dos programas incluem HealthXL, Avia e Pre-Backed. A diferença entre esta plataforma de colaboração e o modelo baseado em corporações é que ela permite que muitas empresas se agreguem e apoiem para que, no momento final, possam encontrar soluções inovadoras para si
E…no Brasil?
O Brasil possui uma cena de Startups em crescimento, particularmente em Saúde. A recente entrada da Apple e o interesse no HealthKit, discussão sobre saúde digital e wearables só atestam que o interesse em realidade aumentada, em prevenção de doenças e no manejo das condições clínicas continuará na demanda.
Além disso, o setor da saúde é esperado para ocupar dos 8% do PIB atual a 13% do PIB em 2020, de acordo com a Accenture. Mas não é somente questão de dinheiro: é também em proporcionar a melhor qualidade de vida, de experiência no tratamento e de empoderamento dos pacientes.
Deste modo, é importante ter programas especializadas que permitam o desenvolvimento das startups de nível global, conectando-as com os melhores mentores, ferramentas, conhecimentos, eventos e pessoas.
Neste gigante com 200 milhões de pessoas, em que saúde é uma preocupação diária para a maioria das pessoas, ainda temos muito a explorar por aqui.