A maneira mais legal e impactante - mas também difícil - de se fazer isso, é pelo chamado Marketing de Guerrilha, que foi apelidado desse jeito lá na década de 90, por conta da guerra do Vietnã, onde os soldados tinham de utilizar maneiras nada convencionais para ter sucesso em suas estratégias.
Você deve saber como funciona a cabeça da maior parte dos marqueteiros, que é estudar o mercado, entender os canais de comunicação, avaliar quais melhores para divulgar seu produto e ratear a verba entre esses canais, de maneira que a estratégia esteja completa e adequada ao budget.
Pois bem, em startups de jovens empreendedores é praticamente impossível dividir a verba em diversos canais, já que o budget é baixo e esse rateio vai diminuir ainda mais seu poder de presença em cada canal. O que fazer então?
Marketing de Guerrilha!
Escolha o melhor canal, foque só nele, seja facebook, twitter, linkedin, google, uma ação off-line ou qualquer outro canal de comunicação, até o telemarketing.
Encontrou o canal? Agora pense em uma maneira única de divulgar seu produto, seja um vídeo amador, seja uma entrevista, seja uma campanha de hashtag etc. Inspire-se para poder entregar o melhor e falar com seu público de maneira barata e eficiente.
Na saúde é um pouco difícil, eu entendo, mas essa semana uma startup que já passou pelo Empreender Saúde fez uma ação legal em um evento no nordeste.
Exemplo brasileiro
Os jovens empreendedores da plataforma de validação de atestados Atestados.med.br - que podem solucionar o problema de absenteísmo de muitas empresas e acabar com os atestados falsos - colocaram um palhaço vestido de médico (o Dr. Fulano de Tal), que distribuía atestados para os participantes da feira. Uma das perguntas que fazia era “Quantos dias você quer ficar em casa?”.
Pode parecer apenas uma “palhaçada”, mas como médico já vi colegas fazendo esse tipo de pergunta no PS, ou em suas clínicas particulares. Quem sabe disso? Só quem dá o atestado e quem recebe. O RH das empresas desconfiam muito que isso acontece, e por isso mesmo essa ação faz muito sentido e chama a atenção. (Nem vou entrar no mérito do impacto financeiro e legal de um atestado como esse, já que esse assunto vale um post)
Voltando, pergunte-se: Quanto custa contratar um palhaço?
Bem pouco provavelmente, menos que a compra de palavras-chaves no Google por um dia. Alias, recomendo fortemente que você, como fundador ou integrante de uma startup, faça esse serviço.
Pense porque: Você entende o produto, sabe pra quem ele serve e o melhor, não gasta com o palhaço, apenas com a tinta da caneta, o solado do sapato e os papéis impressos.
Esse é um ótimo exemplo de marketing de guerrilha. Não me pergunte se o Eric Milfort, fundador do Atestados, sabia que essa ação é considerada isso (Eric, comente um pouco mais sobre o que pensou na hora de escolher essa ação), mas provavelmente funcionou e chamou muita atenção. Pelo menos vi que apareceram no jornal da globo, e que o Vitor Asseituno voltou a São Paulo dando risada da ação e mostrando o “atestado” pra todo mundo no escritório. Notou o lado viral desse tipo de ação?
O Mestre do Marketing de Guerrilha
[youtube]http://youtu.be/yAZht9gDolE[/youtube]
Voltando aos exemplos, uma das referências aos jovens empreendedores é o Sir Richard Branson, da Virgin. Além de ser um mega empreendedor serial, você sabe pelo que mais ele é uma grande referência? Marketing de Guerrilha!
Quer provas? Digite no youtube “Richard Branson Records” (já fiz isso pra você aqui). Veja quantos recordes ele tentou quebrar e quebrou durante a sua vida, em alguns inclusive quase morreu, mas sempre promovendo a marca Virgin.
Além do seu lado aventureiro, Richard Branson descreve em sua biografia que esse é o melhor jeito que ele conhece para concorrer com os altos budgets de marketing do concorrente. Imagine que há empresas investindo mais de R$ 5-10 milhões de reais por ano em palavras do Google, por exemplo.
O melhor exemplo pra mim é a batalha que ele travou com a British Airways pelo espaço nos aeroportos ingleses. Assim que conseguiu seu primeiro avião, para começar a Virgin Atlantic, encontrou um grande problema: A British Airways (BA) tinha praticamente o monopólio do mercado de aviação inglesa, e ainda era subsidiada por dinheiro público.
Como então chamar atenção do público-alvo para a Virgin Atlantic, que tinha que competir com a BA e o governo Inglês? Dar a volta ao mundo de balão e quebrar o recorde.
Embora não tenha dado certo, já que caiu no oceano atlântico, ficou desaparecido e quase morreu, deixou uma grande lição para jovens empreendedores como eu e você: Chame a atenção de uma maneira barata e inusitada.
Pra chamar a atenção, em qualquer situação, você tem de mexer com o psicológico das pessoas, e tentar bater um recorde como esse atrai atenção instantânea. A “Saga de Branson” foi noticiada e acompanhada diariamente pelos maiores veículos de mídia do mundo, ou seja, a Virgin Atlantic estava na televisão de quase todo inglês, todos os dias, durante horas, sem pagar uma libra para esses veículos, enquanto seu concorrente tinha apenas alguns segundos durante os intervalos de propagandas.
Esse é o mais puro marketing de guerrilha. Depois disso ele atravessou o canal da mancha de kite surf, se tornando o homem mais velho no mundo a fazer isso. Atravessou o atlântico de barco, quer levar a gente para viagens ao espaço, tornou sua casa um hotel etc.
Conclusão
Investir tempo em estratégias como essa pode salvar qualquer jovem empreendedor e sua startup de gastar dinheiro em ações pouco eficientes e que custam caro.
Outro cuidado a se tomar, que é muito mal visto pelo mercado e pode ser considerado crime, é não fazer o Ambush Marketing. Não vou entrar em detalhes, você pode ter mais detalhes sobre essa modalidade aqui, mas basicamente é utilizar a verba gasta pelo seu concorrente para promover sua marca, exemplo recente foi na copa de 2014, onde a sony conseguiu bloquear a Beats, que havia sido comprada pela Apple, uma das maiores concorrentes da sony em diversos mercados.
Os atletas são patrocinados pela Beats, aparecem nas coletivas com os fones de ouvido no pescoço, mas quem estava patrocinando a copa era a Sony, que produz fones de ouvido, por exemplo (Veja o case). Ou seja, estaria se aproveitando o investimento da sony para promover sua marca “de graça”.
Tome os cuidados necessários e divirta-se, pois geralmente essas ações envolvem todo o time e são divertidas.
