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Como investidores avaliam oportunidades de negócios – Parte III

Se você está pensando em abrir um negócio e está pensando em atrair investidores, um dos passos mais importantes é entender a anatomia e fisiologia do cérebro dos investidores.

Texto originalmente escrito por:

Elaine Horibe Song é médica cirurgiã plástica formada pela Universidade Federal de São Paulo, com Especialização em Administração Hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Universidade da Califórnia. Atualmente atua como consultora da Kaiser Permanente e de startups nos EUA.

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Se você está pensando em abrir um negócio e está pensando em atrair investidores, um dos passos mais importantes é entender a anatomia e fisiologia do cérebro dos investidores.

Em 2010 tive a grande honra de representar a UCLA Anderson School of Management em uma competição entre escolas de MBA dos EUA chamada Venture Capital Investment Competition (VCIC - http://www.vcic.unc.edu/). Nesta competição, cada escola compõe um time de 5 estudantes com diferentes experiências profissionais (saúde, tecnologia, finanças, etc), para que o time seja apto a analisar quaisquer tipos de negócios. Como parte da estratégia de preparação adotada pelo meu grupo, entrevistamos vários investidores (angels e venture capitalists) e coletamos informações em livros e artigos do gênero, com o objetivo de aprender a pensar como um investidor. Neste terceiro artigo da série, disponibilizarei para os leitores do EmpreenderSaúde as respostas que obtivemos para a pergunta:

“Qual é o processo de investigação para decidir se o investimento vale a pena (due diligence)?”

Em entrevista exclusiva, Jody Dunitz e Al Schneider, investidores “anjos” do Tech Coast Angels, e o venture capitalist Alfred Wang, do Qualcomm Ventures, respondem:

No Tech Coast Angels (TCA), o processo de due diligence oficial começa depois que os empreendedores passam por dois filtros: 1. uma pré-triagem, em que os empreendedores fazem uma apresentação verbal sem powerpoint para um pequeno grupo de anjos; 2. Uma triagem, em que os empreendedores fazem uma apresentação de 15 minutos com powerpoint e buscam atrair o interesse dos anjos presentes na apresentação. Se houver um número suficiente de anjos interessados, o processo continua, através de mais apresentações para os anjos do TCA de outras redes (network), até que haja pelo menos 40 anjos interessados e um time de due diligence de 5 pessoas. A fase de due diligence pode durar um ou mais meses para ser concluída e após a mesma, os anjos preparam uma proposta de investimento.

Para decidir se vale a pena partir para o processo de due diligence, os investidores procuram responder algumas perguntas primeiro. O time é forte e tem experiência na área? Já trabalharam juntos? A empresa tem alguma patente? A empresa vai conseguir vender os produtos e serviços? Se as respostas para essas perguntas forem negativas, Al Schneider, Jody Dunitz e outros anjos do TCA preferem deixar passar. Se as respostas tenderem a ser positivas, partem para a fase de due diligence.

Os investidores entrevistados concordam que as seguintes áreas devem ser investigadas durante o processo de due

diligence: tecnologia, produto, clientes, mercado e time de empreendedores. Alfred da Qualcomm também cita riscos, competidores e canal de vendas como áreas importantes a serem avaliadas. Segundo Alfred, não importa de onde vem as informações, o importante é saber da realidade. Para garantir, Alfred compara informações obtidas a partir de fontes diferentes durante o processo.

Segundo os entrevistados, se o foco da empresa é em inovação tecnológica, investigação da tecnologia a ser comercializada é crucial. Dentre os membros do TCA, existem anjos com vários anos de experiência em desenvolvimento de tecnologia que atuam como experts durante o processo de avaliação da tecnologia. Os investidores também procuram assistência de experts de universidades renomadas na avaliação do projeto.

Os clientes são outra parte fundamental da investigação. Os investidores entrevistam clientes atuais ou potenciais e tentam descobrir quais são as necessidades reais dos clientes, se os clientes tem algum incômodo grande que poderia ser solucionado pela tecnologia/produto/serviço a ser oferecido pela empresa, e quanto os clientes estariam dispostos a pagar.

A investigação do mercado se dá através de entrevistas com experts da indústria (fora clientes) e experts em negócios. Algumas vezes, entrevistam também alguns competidores para saber mais sobre o mercado.

Para investigar o time de empreendedores, os investidores pedem referências e levantam o histórico criminal e financeiro dos membros da equipe. O time é um dos principais motivos pelo qual investidores decidem investir ou não na oportunidade de negócio, portanto os investidores passam bastante tempo analisando o mesmo. Procuram saber sobre sua integridade, honestidade e se é um bom grupo para se trabalhar junto.

O processo de due diligence pode trazer muitas informações valiosas, mas não deve durar para sempre. “Chega um momento em que os investidores devem confiar no seu instinto e tomar uma decisão” – diz Alfred.

No próximo artigo continuaremos com a série “como investidores avaliam oportunidades de negócios”, respondendo a questão:  ““Quais os tipos de análises financeiras você usa no processo de decisão?”

Sobre o Tech Coast Angels:

O Tech Coast Angels é o maior grupo de investidores anjos dos Estados Unidos. Os membros do TCA provêm mais fundos e orientação para empresas em estágio inicial e de alto crescimento no Sul da Califórnia que qualquer outro grupo de investimento local. Os membros do TCA investem em empresas de várias indústrias, incluindo saúde, biofarma, tecnologia da informática, varejo, internet, software, produtos de consumo, etc. Os membros do TCA provêm não somente capital, mas também orientação e acesso a uma extensa rede de investidores, clientes, parceiros estratégicos e talentos em negócios. O TCA tem mais de 250 membros em 5 networks (Los Angeles, San Diego, Westlake/Santa Barbara and the Inland Empire). Em 2010, o TCA investiu US$6.3 milhões em 31 empresas e levantaram US$33 milhões. Nos seus 10 anos de existência, o TCA já investiu em 170 empresas.

Sobre o Qualcomm Ventures:

Qualcomm Ventures (QVC) foi formada em 2000, com US$500 milhões para investir em oportunidades de negócio na fase inicial na área de alta tecnologia. Desde então QVC investiu em várias empresas do setor wireless, e montou vários fundos para promover o crescimento em mercados estratégicos, incluindo um fundo de US$100 milhões na China e €100 milhões na Europa. A missão do QVC é acelerar e influenciar o crescimento do mercado wireless enquanto apóiam as unidades de negócio em que já investiram.

Fontes:

  • Entrevistados (Jody Dunitz, Afred Wang e Al Schneider)
  • www.techcoastangels.com
  • http://www.qualcommventures.com/