Não sou sociólogo nem historiador, mas depois de tanto consumir conteúdo empreendedor formei minha opinião, e acredito que a diferença está no mindset do povo americano.
Basta observarmos a vergonha que o brasileiro tem ao falar que falhou em alguma coisa, assumir culpa em algum problema ou contar como faliu uma empresa, e comparar com os EUA. Esse sim, um país onde um fundador que ainda não faliu nenhuma startup, provavelmente não será levado tão à serio quanto aquele que já faliu uma ou duas, justamente porque o mercado, investidores e outros stakeholders querem ver pessoas persistentes, experientes e com gana para vencer, ou seja, ter o que eles chamam de Grit.
Por trás dessa diferença por exemplo, está a percepção do quanto se aprende com o erro. Esse raciocínio molda toda a cultura empreendedora e inovadora do americano, que acredita na tentativa e erro como fator de sucesso. Sei que falar de tentativa e erro na saúde é delicado, mas há momentos em que a vida do paciente não está envolvida, e esse tipo de atitude é possível.
Outro ponto delicado é a falta de dedicação do brasileiro em enaltecer seus grandes empresários e empreendedores. Temos pessoas como Jorge Paulo Lemann, Edson Bueno, Lírio Parisotto, Abílio Diniz, Antônio Ermírio de Moraes, Joseph Safra, Auriemo, Ewaldo Russo e muitos outros.
Nos EUA, empreendedores como Andrew Carnegie, Henry Ford, J.P. Morgan, John D. Rockefeller e Vanderbilt são considerados a fundação da cultura empreendedora americana. Se você não os conhece, deveria, pois de fato fizeram grande contribuição à história, com competições de mercado que chegavam a batalhas sangrentas.
Desde então o cenário se moldou para tornar os EUA o país mais atraente para se criar uma startup. Diversas pessoas trilharam os passos de Rockefeller e companhia, como Steve Jobs, Jack Welch, Michael Dell, Bill Gates, Warren Buffet, Mark Zuckerberg, Sergey Bin, Steve Page, Jeff Bezos etc. O americano entende que o empreendedor é a alma de um país, comprovado pela última lista dos bilionários da forbes, onde 60% deles são empreendedores.
Se você precisa de mais detalhes para formar sua opinião, saiba que segundo a Ernst & Young, os EUA é o 1o país em facilidade para acessar fundos, contra 9o lugar do Brasil, 1o em cultura empreendedora, contra 12o do Brasil, 13o em impostos e regulamentações, contra 17o do Brasil, 3o em educação, vesus 10o aqui. O único índice em que os EUA perdeu para o Brasil foi no de Suporte Coordenado, 20o contra 3o.
Se tiver curiosidade sobre outros países, veja a tabela abaixo:
Fonte: Ernst & Young
Acredito que enaltecer os vitoriosos na história dos EUA fizeram com que toda estrutura econômica, fiscal, legislativa e executiva do país se moldasse para tornar o ambiente favorável às novas empresas.
E no Brasil, o quão longe você acredita que estamos de um ambiente mais favorável? O que você acha que tem que mudar, para a realidade ser diferente da discutida por Gustavo Guida (Fundador do HelpSaúde), em “Porque o Brasil não produz startups de 1 bilhão de dólares?”